As senhoras casadas com os notáveis, indivíduos importantes da cidade do Rio de Janeiro, mantinham seus olhos postos nos padrões da corte francesa, pelos idos do século XVIII. Mais do que ser elegante, vestir-se de acordo com os padrões europeus significava pertencer a um grupo seleto e restrito de pessoas de status social diferenciado da população de escravos e despossuídos – presunção de fidalguia. Na colônia, os títulos de nobreza eram raros, pelo menos até 1808, quando da chegada da família real ao Rio de Janeiro. A partir de então as honrarias passaram a ser distribuídas.

Além das vestimentas, os penteados eram complicadíssimos! Geralmente adornados com presilhas (para fixar os cachos, usava-se cola de peixe), quando não eram perucas pesadas e volumosas. Crônicas da época relatam que as poucas damas e os poucos cavalheiros que podiam pagar por esses luxos importados eram, frequentemente, assolados por pragas, causadas pelas altas temperaturas da cidade e pela higiene pouco adequada. As cabeleiras postiças, adotadas por alguns, compunham a indumentária e foram sucesso por longo tempo! Essas perucas, feitas com cabelos humanos, seda ou crina de animal, eram objetos de luxo! Podiam, inclusive, transformar-se em herança familiar.

Para Luiz Edmundo, a moda que alcançava o Brasil e, consequentente o Rio de Janeiro, oriunda da elegância feminina francesa, era arremedo que aqui chegava já em terceira mão. Assim, quem conseguiria acompanhar tais costumes em tempo real, ou por causa da distância do Reino ou porque (e isso é importante registrar) as embarcações de qualquer outra nação estavam proibidas de ancorar nos portos brasileiros para efetuar qualquer comércio? Somente as naus portuguesas poderiam descarregar mercadorias e notícias. Ou elas, ou mais ninguém. A economia colonial “era um negócio da Coroa lusa”, aponta o historiador Caio Prado Júnior.

Os homens elegantes, pertencentes às rodas abastadas, não dispensavam a bengala. Usavam coletes enfeitados por uma gravatinha de renda. O perfume, geralmente, continha essências de flor de laranjeira e de lavanda. Tal qual a metrópole, o Rio de Janeiro fitava e copiava os modos franceses, trazidos pelas embarcações vindas de Lisboa.

Contudo, isso não seria para sempre. Pelas portas abertas para o mar, um pouco mais adiante, outras questões surgiram, em meio às murmurações.