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Os primeiros momentos da Estação do Campo, hoje Central do Brasil. Litografia do século XIX (Crédito: Sébastien Auguste Sisson/Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro)

Na segunda metade do século XIX, a capital do Império brasileiro foi um espaço em processo acelerado de urbanização. O perímetro urbano da cidade do Rio de Janeiro, nos primeiros anos do século XIX, era balizado pelos morros do Castelo, São Bento, Santo Antônio e Conceição: marcos do território. A partir da instalação da corte, rompeu a organização espacial da urbe. Em menos de 20 anos, a população duplicou e a construção de moradias se intensificou.

As áreas que correspondiam às freguesias da Candelária, de São José, do Sacramento e de Santana se expandiam. Surgiram novas freguesias, que deram origem, por exemplo, ao atual bairro da Cidade Nova. Com o crescimento da malha urbana, ocorreram melhoramentos no setor de transportes. Bondes e trens tiveram importância significativa no crescimento, com a ocupação das freguesias suburbanas, e no processo de divisão socioespacial da cidade.

A cidade do Rio de Janeiro foi a primeira da América do Sul a possuir linhas regulares de transportes coletivos sobre trilhos de ferro. Implantadas, alteraram o modo de vida da população e até mesmo a configuração do espaço urbano. Alguns estudiosos, como o geógrafo Maurício Abreu, dividem ”a história do Rio em antes e depois da ‘revolução’ dos transportes coletivos”.

A Estrada de Ferro D. Pedro II (atualmente Central do Brasil) foi inaugurada em 29 de março de 1858, com um trecho inicial de 48.210 metros. Interligava a antiga Estação do Campo da Aclamação (Campo de Santana) à localidade de Queimados. Nomeada na época como memorável feito, e era mesmo, foi saudada com discursos e salvas de artilharia. D. Pedro II (1825-1891), presente na ocasião, diria rogar a Deus uma longa vida “para ver os brasileiros sempre amigos, sempre felizes, caminhando com velocidade cada vez mais crescente da civilização para o brilhante futuro que a Providência nos destinou”.

O ano de 1870 representou um marco para a Estrada de Ferro D. Pedro II, com a expansão do número de composições dos trens que corriam rumo às freguesias suburbanas. Por outro lado, o serviço de bondes, iniciado em 1868, se consolidava com o estabelecimento de companhias, que apresentavam projetos de novos traçados para percorrer o espaço urbano da corte do Rio de Janeiro. Quando eles começaram a circular, em 1868, facilitaram a expansão urbana em direção às regiões já ocupadas desde a primeira metade do século XIX e que hoje correspondem a alguns bairros das zonas Norte e Sul do Rio.