Com o tempo e a diversificação das atividades profissionais, os descendentes de árabes deixaram o Centro em direção a outros bairros do Rio de Janeiro. “A presença árabe é historicamente forte e reconhecida na Tijuca e também na periferia – Irajá e Campo Grande – ou, ainda, na Baixada Fluminense, em Caxias, Nilópolis e São João de Meriti, em particular”, lembra o professor Mohammed ElHajji, da UFRJ. Existe até mesmo um bairro no Rio de Janeiro que foi concebido por um libanês.
Segundo Ana Maria Mauad, o sub-bairro Jabour deve seu nome e empreendimento a Abrahão Jabour. Nascido no Líbano em 1884, chegou ao Brasil em 1893, quando seu pai, Elias Jabour, imigrou com a família para viver em Minas Gerais. Abrahão foi muito bem-sucedido com o cultivo e exportação de arroz e café. Tanto que se mudou para o Rio de Janeiro, onde fundou a Jabour Exportadora, que chegou a ser a maior exportadora de café do mundo. Na década de 1960, iniciou a construção de um sub-bairro modelo, situado entre Senador Camará e Santíssimo, num terreno que havia pertencido à Companhia Federal de Fundição. O projeto incluía ruas bem-calçadas e arborizadas, e várias delas receberam nomes de cidades libanesas, como Beirute, Biblos e Trípoli.
No Centro, dois templos são marcos bastante antigos da imigração árabe para a cidade. A Igreja Antioquina de São Nicolau, que fica na Rua Gomes Freire, 559, foi o primeiro templo ortodoxo brasileiro. Cristã, mas não católica, foi construída entre 1918 e 1923, com recursos recolhidos entre a comunidade síria e, também, a partir de uma doação do czar Nicolau II, uma vez que ela oferecia suporte espiritual para a tripulação ortodoxa de navios russos que aportavam no Rio de Janeiro. Outra edificação importante é a Igreja Greco-Melquita de São Basílio e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, situada na Rua República do Líbano, 17. Fundada em 1941, foi a primeira igreja católica oriental do Brasil.
Existem, na Tijuca, mais três locais que sinalizam o valor da religiosidade entre os sírio-libaneses e o quanto ela pode ser multifacetada. A Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro foi fundada em 1951, por um grupo de imigrantes que se encontravam para a realização das orações de sexta-feira. Em 2005, a entidade adquiriu um terreno na Rua Gonzaga Bastos, 77, para a construção da Mesquita da Luz, onde atualmente são oferecidos diversos cursos, como o de introdução ao islã e à língua árabe. Vinculada à Igreja Católica, a Paróquia Maronita Nossa Senhora do Líbano fica na Rua Conde de Bonfim, 638 e está em atividade desde 1960. A cerimônia de inauguração das obras, em 1951, teve a presença até do então presidente da República, Getúlio Vargas.
Também na Rua Conde de Bonfim, 521, quase em frente à paróquia, fica uma das maiores sinagogas do Rio de Janeiro, no mesmo endereço desde 1954. Há um século, a Sociedade Israelita Templo Sidon foi fundada por judeus originários de Sidon, cidade do sul do Líbano que fica bem próxima de Israel. Desde 1913, existia a Sociedade Israelita Síria, que reunia judeus de vários países do Oriente Médio, principalmente da Síria e do Líbano. A eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1914, trouxe ao Rio mais um grupo de sidonenses e, com eles, a necessidade da criação de um templo, que nas suas quatro primeiras décadas funcionou em diversos endereços no Centro. Nos dias de hoje, cabe à quinta geração de descendentes dar continuidade às tradições tão caras aos primeiros imigrantes.
22/10/2018
O carioca deve boa parcela de sua identidade aos Tupinambá e Temiminó.
Rio Multicultural - reportagens
21/01/2015
Em um passeio pela Cidade Maravilhosa, é possível notar a presença e as marcas do país de Nicolau Copérnico, Frédéric Chopin e do Papa João Paulo II.
Rio Multicultural - reportagens
11/08/2014
Você sabe por que a pessoa que nasce no Rio é chamada de carioca? Confira essa e outras incontáveis influências dos primeiros habitantes da cidade em nossa cultura.
Rio Multicultural - reportagens
05/08/2014
A comunidade, presente na cidade desde a vinda da família real portuguesa, tem, hoje, mais de 10 mil imigrantes, que enriquecem a vida carioca com sua cultura milenar.
Rio Multicultural - reportagens
22/07/2014
Comércio, indústria, construção civil, medicina e política são apenas algumas das áreas em que os sírio-libaneses têm deixado sua marca na vida da cidade.
Rio Multicultural - reportagens
07/07/2014
O número de negros – escravos e livres – no Rio de Janeiro do século XIX era o maior entre as cidades das Américas.
Rio Multicultural - reportagens
24/06/2014
A cultura japonesa integra o dia a dia do cenário carioca, seja na arte, na gastronomia ou nos festejos da cidade.
Rio Multicultural - reportagens
16/06/2014
Alguns pesquisadores afirmam que a primeira partida de futebol, no Brasil, foi promovida por um escocês que trabalhava em Bangu. Na verdade, os britânicos influenciaram uma série de costumes do Rio do Janeiro.
Rio Multicultural - reportagens
10/06/2014
Agora é a Copa do Mundo que traz os alemães ao Brasil, mas essa viagem cruzando o oceano é de outros carnavais...
Rio Multicultural - reportagens
27/05/2014
Com personalidades de destaque nos mais diversos ramos de atuação, imigrantes e seus descendentes vêm influenciando a vida carioca, do comércio à cultura, há gerações.
Rio Multicultural - reportagens
06/05/2014
Os "braceros", como eram chamados, foram responsáveis pelo início da organização da massa trabalhadora na cidade do Rio de Janeiro, na virada do século XIX para o XX.
Rio Multicultural - reportagens
15/04/2014
Segundo estudos, mesmo antes da segunda metade do século XIX já havia italianos no Rio de Janeiro, a serviço da corte portuguesa.
Rio Multicultural - reportagens
01/04/2014
No início eram corsários; depois, vieram os artistas; por fim, profissionais especializados, com seus produtos chiques, ao gosto da elite brasileira. Resultado? O charme francês ainda vive entre nós.
Rio Multicultural - reportagens
17/03/2014
Aqui, começa a série Rio Multicultural sobre os diversos povos que originaram o carioca do século XXI. Africanos, indígenas e imigrantes contribuíram para a identidade cultural da cidade, mas os portugueses têm papel privilegiado, pois, após o Grito da Independência, nenhum outro fluxo migratório para a cidade foi tão intenso quanto o deles.
Rio Multicultural - reportagens
26/12/2013
O Rio de Janeiro é uma cidade multicultural. Na matéria inaugural da série sobre os imigrantes que deram origem à população carioca, conheça a primeira parada, na Ilha das Flores.
Rio Multicultural - reportagens