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Marcas sírio-libanesas nos bairros cariocas
22 Julho 2014 | Por Sandra Machado
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igreja melquitaCom o tempo e a diversificação das atividades profissionais, os descendentes de árabes deixaram o Centro em direção a outros bairros do Rio de Janeiro. “A presença árabe é historicamente forte e reconhecida na Tijuca e também na periferia – Irajá e Campo Grande – ou, ainda, na Baixada Fluminense, em Caxias, Nilópolis e São João de Meriti, em particular”, lembra o professor Mohammed ElHajji, da UFRJ. Existe até mesmo um bairro no Rio de Janeiro que foi concebido por um libanês.

Segundo Ana Maria Mauad, o sub-bairro Jabour deve seu nome e empreendimento a Abrahão Jabour. Nascido no Líbano em 1884, chegou ao Brasil em 1893, quando seu pai, Elias Jabour, imigrou com a família para viver em Minas Gerais. Abrahão foi muito bem-sucedido com o cultivo e exportação de arroz e café. Tanto que se mudou para o Rio de Janeiro, onde fundou a Jabour Exportadora, que chegou a ser a maior exportadora de café do mundo. Na década de 1960, iniciou a construção de um sub-bairro modelo, situado entre Senador Camará e Santíssimo, num terreno que havia pertencido à Companhia Federal de Fundição. O projeto incluía ruas bem-calçadas e arborizadas, e várias delas receberam nomes de cidades libanesas, como Beirute, Biblos e Trípoli.

No Centro, dois templos são marcos bastante antigos da imigração árabe para a cidade. A Igreja Antioquina de São Nicolau, que fica na Rua Gomes Freire, 559, foi o primeiro templo ortodoxo brasileiro. Cristã, mas não católica, foi construída entre 1918 e 1923, com recursos recolhidos entre a comunidade síria e, também, a partir de uma doação do czar Nicolau II, uma vez que ela oferecia suporte espiritual para a tripulação ortodoxa de navios russos que aportavam no Rio de Janeiro. Outra edificação importante é a Igreja Greco-Melquita de São Basílio e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, situada na Rua República do Líbano, 17. Fundada em 1941, foi a primeira igreja católica oriental do Brasil.

Existem, na Tijuca, mais três locais que sinalizam o valor da religiosidade entre os sírio-libaneses e o quanto ela pode ser multifacetada. A Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro foi fundada em 1951, por um grupo de imigrantes que se encontravam para a realização das orações de sexta-feira. Em 2005, a entidade adquiriu um terreno na Rua Gonzaga Bastos, 77, para a construção da Mesquita da Luz, onde atualmente são oferecidos diversos cursos, como o de introdução ao islã e à língua árabe. Vinculada à Igreja Católica, a Paróquia Maronita Nossa Senhora do Líbano fica na Rua Conde de Bonfim, 638 e está em atividade desde 1960. A cerimônia de inauguração das obras, em 1951, teve a presença até do então presidente da República, Getúlio Vargas.

Também na Rua Conde de Bonfim, 521, quase em frente à paróquia, fica uma das maiores sinagogas do Rio de Janeiro, no mesmo endereço desde 1954. Há um século, a Sociedade Israelita Templo Sidon foi fundada por judeus originários de Sidon, cidade do sul do Líbano que fica bem próxima de Israel. Desde 1913, existia a Sociedade Israelita Síria, que reunia judeus de vários países do Oriente Médio, principalmente da Síria e do Líbano. A eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1914, trouxe ao Rio mais um grupo de sidonenses e, com eles, a necessidade da criação de um templo, que nas suas quatro primeiras décadas funcionou em diversos endereços no Centro. Nos dias de hoje, cabe à quinta geração de descendentes dar continuidade às tradições tão caras aos primeiros imigrantes.

 
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