ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Facebook
Instagram
Twitter
Ícone do Tik Tok

– Jornada de Planejamento 2022: Ensino Fundamental/ EJA
18 Fevereiro 2022 | Por Fernanda Fernandes
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp

A Jornada de Planejamento e Formação Pedagógica 2022, que aconteceu entre os dias 2 e 4 de fevereiro, contou com lives e palestras voltadas para o Ensino Fundamental e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e para a Educação Infantil.

A palestra de abertura foi com o educador António Nóvoa, reitor honorário da Universidade de Lisboa.

Confira os temas que foram abordados com foco no Ensino Fundamental e na EJA:

Habilidades de letramento na aprendizagem de todas as áreas, por Magda Soares

Magda Soares, professora da UFMG, durando a Jornada de Planejamento 2022 (Imagem: Reprodução/ YouTube)

Doutora em Educação e professora da UFMG, Magda Soares iniciou sua apresentação explicando a diferença entre alfabetização e letramento. Segundo a educadora, a alfabetização é a apropriação do sistema alfabético e ortográfico, enquanto o letramento é o desenvolvimento de habilidades de ler e interpretar textos e de produzir textos.

Magda Soares comentou que a palavra “letramento” veio, de certa forma, substituir o conceito de alfabetismo funcional.

“’Funcional’ é muito ruim, parece que você só tem que aprender a ler para ‘funcionar direito’. Mas não é só isso. A palavra letramento surgiu para unir habilidade de compreender e interpretar textos de diferentes áreas, disciplinas, diferentes gêneros, ser capaz de construir textos diferentes demandas do contexto social e cultural”, elucidou.

A professora criticou o conceito de que leitura e escrita são ensinadas para que a criança aprenda a ler para, depois, usar a leitura para aprender.

“Isso reduz muito o papel da leitura e da escrita. Elas são muito mais do que isso: são fonte de vivências, de prazer, de lazer”, disse Magda Soares.

Na opinião da professora da UFMG, professores e até mesmo livros didáticos dos Anos Iniciais dificilmente trabalham com o desenvolvimento de habilidades de ler e de interpretar textos em todas as áreas.

A leitura e a interpretação de textos, segundo ela, podem acontecer mesmo na Educação Infantil.

“É o que eu chamo de ler antes de aprender a ler. Quando a professora conta uma história para a criança e desenvolve habilidades de leitura e de escrita conforme vai fazendo perguntas”, expôs.

Magda Soares destacou algumas habilidades necessárias para que uma pessoa leia, compreenda e produza um texto, como distinguir um fato de uma opinião, e defendeu o uso de variados tipos de texto.

“Sendo professora de História, de Ciências ou de Português, temos que nos habituar a usar textos para além do livro didático, porque a leitura do mundo não é a leitura do livro didático. É a leitura do jornal, da revista, de livros etc.”, destacou.

A educadora demonstrou como poderia se dar uma prática de leitura com os alunos, usando como exemplo um artigo da Revista Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) intitulado Ascensão e Declínio dos Tupis. Ao ler, Magda Soares apresentou possibilidades pedagógicas e conteúdos que poderiam ser trabalhados com os estudantes, como a orientação sobre localizações geográficas, a pesquisa do significado de algumas palavras que aparecem no texto e até uma discussão sobre a situação dos indígenas hoje.

Segundo Magda Soares, neste momento crítico de transição para o digital, é indispensável saber orientar os alunos.

“Não há como fugir disso. Mas também não há como aderir à cultura digital e deixar a cultura do escrito de lado, como muitas escolas fizeram no período de pandemia”, ressaltou.

“Devemos procurar construir o futuro pensando em reinventar o ensino para que ele torne nossos alunos capazes de ler e escrever de maneira proficiente. Planejar uma forma que nos leve a mais sucesso na leitura e na escrita de todas as disciplinas”, finalizou.

Multiletramentos e letramento matemático: competências transversais para aprendizagem, por Kátia Smole

Kátia Smole, doutora em Educação e diretora do Instituto Reúna, organização sem fins lucrativos que trabalha para colaborar com a implementação da BNCC, defendeu que a pedagogia dos multiletramentos é necessária para transformar o aluno de consumidor acrítico em um analista crítico, e é a tarefa da escola.

Katia Smole é diretora do Instituo Reúna (Imagem: Reprodução/ YouTube)

Atuando há mais de 20 anos na área de Educação, ela destacou como habilidades da Matemática podem contribuir para o desenvolvimento do raciocínio lógico e para a aprendizagem das diferentes disciplinas.

“O letramento matemático traz diferentes formas de letramento – dedutivo, indutivo, probabilístico, a ideia da espacialidade –, importantes, também, para o contexto da alfabetização, da Arte, da História, da Geografia, do raciocínio analítico, da resolução de problemas, da argumentação baseada em evidências”, expôs.

Na opinião da educadora, é um engano achar que o raciocínio lógico é característico apenas da Matemática e a espécie humana já nasce com uma capacidade lógica que se desenvolve pela vida, podendo ser potencializada na escola.

Os multiletramentos, segundo a diretora do Instituto Reúna, devem ser pensados por todos, desde a Educação Infantil, por meio de um ambiente propício para discutir o erro e para desafiar os alunos a investigar, com formas diversas de trabalhar e problematizar.

“O tipo de atividade que damos em sala, o ambiente, dá espaço para a pesquisa? Vou estudar textos multimodais? Para isso, não importa a disciplina. Em Educação Física, por exemplo, como é retratado o corpo humano nas diferentes mídias? Não se trata apenas de passar um texto no quadro para o aluno copiar, mas criar um espaço onde tenhamos boas perguntas e façamos investigações”, orientou Smole.

“Precisamos fazer o novo. Trazer as múltiplas linguagens do mundo para a sala de aula por meio de metodologias ativas que envolvam resolução de problemas, pesquisas e estratégias como aula invertida, estações de rotação para a realização de trabalhos interativos e aprendizagem mais individualizada”, concluiu.

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp