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Refúgio da rainha, dos quilombolas e da vida saudável
06 Fevereiro 2014 | Por Márcia Pimentel
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Até fins do século XVIII, o morro de Santa Teresa era basicamente uma grande área rural dividida em várias quintas de produção de cana-de-açúcar, café e produtos de subsistência. Até então, a vida pacata do lugar só era quebrada pelos protestos dos negros quilombolas que, quando enfurecidos, costumavam entupir com lixo a tubulação do aqueduto que levava a água do Rio Carioca para a parte baixa da cidade. Nessa época, porém, com o Rio de Janeiro já elevado à condição de capital da colônia, começou a haver um lento processo de fracionamento das terras das velhas quintas e chácaras de Santa Teresa.

Quando a família real chega ao Rio de Janeiro, em 1808, o então pacato morro se agita. O Convento das Carmelitas vira lugar privilegiado da manifestação religiosa da corte portuguesa e refúgio predileto da mãe de dom João VI, dona Maria, que lá passa longos períodos de SantaTeresa-EmilBauch2reclusão. Nessa época, a irmandade do convento já havia iniciado o fracionamento de suas terras, processo que foi acelerado com o aumento dos impostos após a declaração de independência do país.  Um dos terrenos por elas fracionado, na Chácara do Céu, foi comprado em 1837 por Irineu Evangelista de Souza, o futuro barão de Mauá.

Por volta dos anos 1850, o loteamento das antigas chácaras se acelerou, e Santa Teresa começou a abrigar várias famílias abastadas (inclusive de nobres) e imigrantes (principalmente ingleses e franceses), que encontravam no morro refúgio contra a febre amarela e várias outras doenças que começaram a assolar a insalubre parte baixa da cidade. Como essas enfermidades praticamente não chegavam ao morro, Santa Teresa virou, na época, uma espécie de metáfora da saúde e de um estilo de vida mais contemplativo. Seus mirantes naturais viraram ponto de onde vários artistas europeus passaram a registrar as paisagens do Rio oitocentista.

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