ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Instagram
Ícone do Tik Tok
Facebook
Kwai
Whatsapp

Projeto Cineclube nas Escolas comemora 10 anos
24 Setembro 2018 | Por Larissa Altoé
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp
I Seminário Cineclube nas Escolas, no Museu de Arte do Rio - MAR

“Formar gente para o futuro é tão importante quanto fazer filmes. Estou muito orgulhoso e feliz por ver esse filho bem criado”, disse o cineasta Sílvio Tendler no I Seminário Cineclube nas Escolas, que aconteceu no Museu de Arte do Rio, em 31 de agosto. Tendler foi apresentado como “patrono” do projeto porque o apoiou desde o início.

O critério básico para adquirir os primeiros curtas metragens dos acervos foi buscar “uma boa história contada de forma inteligente”, lembrou Adelaíde Leo, uma das responsáveis pela implantação do cineclubismo na Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. “A ideia não era usar filmes para dar aula, ensinar, mas inverter a mão, usar o conteúdo do cinema para ampliar o entendimento das crianças e adolescentes”.

Heveny Mattos, da Gerência de Leitura e Audiovisual, anunciou que até o fim de 2018 o número atual de 270 escolas com cineclube será ampliado para 615, incluindo uma unidade de Educação Infantil (4 a 6 anos) por Coordenadoria Regional de Educação. “O cineclube propicia uma ampliação de repertório do sujeito de forma mais rápida que outros meios”, justificou.

O diretor de TV da MultiRio, Tomil Gonçalves, mostrou aos professores presentes no evento programas e publicações que auxiliam o fazer audiovisual: o Escola, Câmera, Ação! mostra estudantes assistindo e comentando filmes feitos por alunos de outras escolas municipais e o fascículo e a série televisiva Por Trás da Cena abordam as diferentes expressões da linguagem audiovisual, revelando as técnicas e os recursos utilizados na construção das narrativas, com comentários de profissionais e especialistas. “Durante muitos anos, a MultiRio produziu material para os professores; agora nós estamos produzindo com a comunidade escolar”, contou Tomil.

A professora de Artes Plásticas da E.M. Henrique Dodsworth (2ª CRE), Ana Golubi, que dá aulas para alunos das comunidades da Rocinha, Vidigal e Cruzada São Sebastião, perguntou aos palestrantes como motivar os alunos a assistir filmes de boa qualidade na escola. Beth Bullara, do Cineduc, sugeriu que ela procure saber dos interesses da turma que quer atingir e, a partir daí, busque pequenos vídeos de qualidade no YouTube. O professor José Leandro, responsável pelo cineclube da E.M. Benjamin Constant (1ª CRE), sugeriu que Ana converse com sua turma, ouvindo os adolescentes, para conseguir uma aproximação e contribuir para ampliar o olhar deles.

Também estiveram presentes no evento Luiz Claudio Lima, do Cineclube Grécia; Felícia Krumholz, da Mostra Geração do Festival do Rio e Daniela Gracindo, do Festival Internacional Pequeno Cineasta (para menores de 18 anos e não universitários), além de vários outros professores participantes do projeto Cineclube nas Escolas e profissionais identificados com o tema.

Para mais informações, leia o livro A Escola Entre Mídias, com detalhes e reflexões sobre a relação entre cinema e educação. Há também matérias do Portal e o #educa com Eduardo Santos, cineclubista e diretor adjunto da E.M. Conjunto Praia da Bandeira (11ª CRE).

Inspiração teórica

Uma das referências teóricas que inspiraram o projeto é o cineasta francês Alain Bergala, que propôs viabilizar o contato de crianças e adolescentes com o cinema – enquanto objeto artístico – na escola. Bergala também postulou que eles exercitassem a observação crítica da linguagem cinematográfica e que tivessem condições de criar alguma(s) cena(s) – o importante, segundo o cineasta, é que nesse movimento os alunos possam experimentar o risco, as decisões, o aprendizado que requer a criação artística.

Alunos da E.M. Monteiro Lobato (10ª CRE), de Guaratiba, gravando o curta Cabeça Forte

No ano 2000, Alain Bergala desenvolveu para o governo francês um projeto inédito de levar a arte cinematográfica às escolas públicas, não como ensino de Arte, mas como uma experiência de fazer arte. Ele propôs que o cinema pudesse entrar na escola como um “outro”, provocando uma experiência à parte e cujas características próprias os alunos deveriam experimentar como um elemento de inovação.

No Rio de Janeiro, a ideia de Bergala vem sendo colocada em prática por parte das escolas da Rede. Há 15 anos, um número expressivo delas participa da Mostra Geração – segmento infantojuvenil do Festival do Rio, em que os alunos têm a oportunidade de ver seus filmes na tela do cinema, além de trocar experiências com outras crianças e adolescentes durante o Vídeo Fórum.

Outra referência teórica do projeto Cineclube nas Escolas é a professora Rosália Duarte, doutora em Educação pela PUC-Rio e autora do livro Cinema e Educação. A pesquisadora acredita que o ideal não é que todo professor faça vídeo com seus alunos, mas que os profissionais não reproduzam apenas a clássica aula expositiva. “Não é possível ignorar a contemporaneidade. É preciso que os professores tenham uma espécie de lente midiaeducativa, ofereçam aos alunos alguns caminhos que possam ir além da memorização e da reprodução, dando-lhes mais autonomia. Conhecimento não é reprodução, mas a capacidade de pensar por conta própria."

Técnicas de animação na sala de aula

Muitos professores da Rede Pública Municipal de Ensino se apropriam do fazer audiovisual no cotidiano escolar. Nos anos 2000, a Prefeitura iniciou uma parceria com o Anima Escola (braço educacional do Festival Anima Mundi), oferecendo capacitação em animação. Os cursos já formaram 2.300 professores municipais cariocas.

As técnicas da animação favorecem o desenvolvimento de várias competências e habilidades como a capacidade de trabalhar em conjunto e de argumentar, o poder de síntese e a estruturação do pensamento lógico, entre outras. A professora Daniele Rodrigues, do Ciep Poeta Cruz e Sousa (8ª CRE), em Realengo, trabalhou a cultura do povo indígena pataxó com os alunos. Alessandra Pinho, da E.M. Roberto Burle Marx (7ª CRE), em Jacarepaguá, ensina Língua Portuguesa por meio de projetos como Chá com Shakespeare. Na E.M. Roraima (4ª CRE), em Cordovil, os alunos da professora Andrea Lima aprenderam sobre formas matemáticas.

Andrea conta que integra o audiovisual a sua prática desde 2008, quando ingressou na Rede Municipal. “Tive uma boa professora de didática durante minha formação e ela me ensinou que muitos alunos não aprendem apenas com aulas expositivas, precisam de um estímulo diferente para fixar o conteúdo.”

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp