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O que o m-learning, ou aprendizagem móvel, pode fazer por você
06 Maio 2014 | Por Sandra Machado
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conectivismo2Quando a gente estuda em grupo aprende mais do que quando está isolado. É por isso que, graças à apropriação das tecnologias móveis, o aluno conquista maior autonomia intelectual justamente ao se inserir na cultura de colaboração. Em outras palavras, é necessário cultivar e manter conexões para facilitar a aprendizagem contínua, em especial por meio do diálogo.

Na era digital, não é possível adquirir, sozinho, toda a quantidade de informação disponível sobre um determinado assunto – daí a importância, para a aprendizagem, das redes de relacionamento e afinidades. As tecnologias da informação e da comunicação (TICs) se tornam instrumentos pedagógicos quando os educadores enxergam nelas oportunas aliadas.

A nova ordem do conectivismo

Desde os primórdios da vida social organizada, as estruturas de rede têm sido empregadas na aprendizagem humana. As corporações de ofícios da Idade Média são um bom exemplo. Artesãos, carpinteiros e ourives eram algumas das categorias que se organizavam desta forma, e cabia aos mestres ensinarem aos aprendizes sua profissão. Organizados eles eram mais fortes, porque exerciam o controle de qualidade e conseguiam estabelecer um preço justo pelas mercadorias. Na atualidade, as TICs deixam esses modelos ainda mais evidentes. O conceito-chave para se entender o padrão vigente é o conectivismo, proposto pelos canadenses George Siemens e Stephen Downes em 2004.

corporaoficioO conectivismo parte da premissa de que o conhecimento está distribuído por redes de conexões (daí o nome) e a aprendizagem consiste na habilidade de circular por elas. O conhecimento equivale àquilo que pode ser acionado e está não apenas nas pessoas, mas frequentemente em dispositivos, como o livro, capazes de compensar limitações naturais, como a da memória. “A aprendizagem não é mais uma atividade interna e individual. As conexões que nos capacitam a aprender melhor são mais importantes do que nosso estado momentâneo de conhecimento”, afirma Siemens.

Compreensão, coerência, atribuição de sentido e de significado se destacam no desenvolvimento das chamadas metacompetências: além de conseguir prospectar o conhecimento desejado, é necessário ser capaz de fazer a avaliação dos aspectos separadamente e, num segundo momento, visualizar sua aplicabilidade no cotidiano. Para Siemens, na era da informação abundante, e com a redução do tempo de vida do conhecimento até sua obsolescência, a capacidade de avaliar rapidamente tem valor intangível.

Professor mediador

Os jovens de hoje aprendem de uma forma muito diferente das gerações passadas, bem mais espontânea e flexível, quase sem perceber. O motivo é que a informação está por toda parte na sociedade conectada, totalmente adaptada à cultura da mobilidade. Para uma boa parcela dos pesquisadores, o grande desafio pedagógico é conceber novas práticas educativas que facilitem aos alunos a maneira de lidar com a crescente quantidade de informação no mundo e, mais do que isso, integrar as práticas de aprendizagem móvel às organizações e instituições. 

Alunos que, à primeira vista, parecem distantes, e até mesmo desinteressados, são os grandes beneficiados por esse novo paradigma. A aprendizagem móvel “favorece um espaço de criação de conhecimento e discussão em contraposição a um modelo focado na transmissão unidirecional do conteúdo: do professor para o aluno”, como explicam Edméa Oliveira dos Santos, professora doutora adjunta, e Aline Andrade Weber, mestre em Educação, ambas do Departamento de Educação Proped/Uerj.

“O papel do professor deve ser o de mediador da ampliação dos repertórios culturais de seus alunos.” Por ampliar repertórios Edméa e Aline entendem ir além dos conteúdos curriculares preestabelecidos, levar o cinema e os cotidianos para a sala de aula e, paralelamente, as escolas para as redes. “Educar não é apenas escolarizar. É preciso aproximar e – por que não? – hibridizar as noções de educação e cultura.”

As pesquisadoras ressaltam que o estímulo ao debate por meio das TICs conecta o aluno ao mundo concreto, na medida em que altera sua forma de se relacionar com as pessoas, com a escola, com a comunidade em que está inserido e com os poderes institucionais. Diversos movimentos sociais recentes no Brasil tiveram seu início em discussões na rede, antes de ganhar o espaço urbano. “Se analisarmos o crescimento recente do consumo das tecnologias móveis com conexão à internet, a exemplo dos celulares, veremos que nenhuma outra tecnologia foi tão incorporada por camadas diferenciadas da população em tão pouco tempo. Além disso, contamos cada vez mais com diversas formas de acesso, a exemplo dos pontos de cultura, associações, escolas e universidades, pontos móveis, museus, bibliotecas.”

A habilidade comunicacional não substitui as aprendizagens mediadas formalmente pelas instituições educacionais, mas tem o poder de potencializá-las. “Aprendemos em mobilidade e com conexão porque podemos nos comunicar em rede, lendo e escrevendo na interface cidade/ciberespaço.”

Fim do tempo morto

lineA dispersão geográfica da turma deixa de ser obstáculo, assim como outros fatores da vida na metrópole. Com os deslocamentos cada vez maiores e mais lentos, ficar preso num engarrafamento se transforma em oportunidade de pesquisar por meio de algum aplicativo. Os minutos de espera numa fila não são mais sinônimo de desperdício de tempo, quando se tornam a pausa bem-vinda para jogar um divertido game educativo.

As possibilidades são infinitas. Um professor acaba de fazer uma apresentação em Power Point e, a pedido dos alunos, envia o material para o grupo de discussão on-line. Providencia, também, a postagem de exercícios complementares, que a turma pode acessar pelo tablet ou pelo smartphone. Essas e outras práticas, como videoaulas ou o uso de aplicativos educativos, integram a chamada aprendizagem móvel.

É tão importante a relação da sociedade contemporânea com a tecnologia que o tema ganhou lugar de destaque em uma das mais proeminentes organizações internacionais. Em 3 de junho de 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que o acesso à internet é um direito universal, equiparado com o direito à vida e com o direito à liberdade.

 
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