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Animação tradicional faz sucesso em escola da Rede
09 Dezembro 2013 | Por Sandra Machado
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storyboard2Filmes de animação desenhados quadro a quadro são meio raros hoje em dia. Entretanto, existe uma escola da Rede Municipal na qual, desde 2010, os alunos vêm realizando um filme por ano com o uso da técnica. É a E.M. Quintino Bocaiúva (5ª CRE). Quem desenha melhor fica responsável pelos frames estratégicos, ou key frames, aqueles que dão início a uma determinada sequência. Já quem tem menos habilidade vai fazendo cópias para os movimentos intermediários a partir dos desenhos principais. A média de idade dos adolescentes, entre 12 e 14 anos, já permite um traço mais desenvolvido, determinado pela capacidade de observação de cada um. A divisão do trabalho segue os moldes dos estúdios profissionais, com um grupo de coloristas, um grupo que desenha as sombras, outro que cuida dos efeitos especiais, ou do storyboard, da narração, dos efeitos sonoros... À frente da linha de produção está a professora de Artes Rosiane Dourado, graduada em História da Arte e mestre em Design.

“Os mais habilidosos desenham os key frames. É correlato ao que a gente faz”, explica Marcelo Salerno, que coordena a Gerência de Artes Gráficas da MultiRio. Para ele, é fundamental que a escola estimule o trabalho em equipe, por meio da divisão de tarefas inerentes ao processo de animar. Eduardo Duval, da mesma gerência, aponta mais uma contribuição importante. “A criança é estimulada a pensar o planejamento, além do aspecto lúdico da atividade em si.” A julgar pelos resultados, a trajetória dos animadores da E.M. Quintino Bocaiúva parece mesmo estar sendo muito bem-orientada.

O curta de estreia, Sonhos de Chaplin (2010), produção do 9º ano, entrou direto no Anima Mundi daquele ano. A seguir, veio o Por Dentro do Renascimento (2011), já com o apoio do Anima Escola aos alunos do 7º ano, e que mistura desenho com stop-motion. Mentes Que Voam (2012), feito por alunos do 8º e 9º anos, participou do Anima Mundi 2013 na categoria Futuro Animador. No momento, quatro turmas do 9º ano se preparam para realizar a primeira animação da escola exclusivamente em stop-motion. Os vídeos prontos ficam disponíveis em diversas fontes on-line: no YouTube, no site do Anima Mundi e no blog da escola. Como a instituição faz parte do Anima Escola, anualmente a E.M. Quintino Bocaiúva recebe um DVD com filmes de todos os participantes daquela edição. Além de servir como material de apoio para professores de diversas disciplinas, o “tesouro” tem outra função importantíssima para os animadores mirins: aguçar seu senso estético e crítico, como conta Rosiane. “Eles vão ficando cada vez mais exigentes e comentam sobre os detalhes dos filmes de outras escolas.”

mesaluzA fim de entender um pouco mais a linguagem que já admirava, Rosiane fez o primeiro curso de animação em 2009, oferecido pela SME em parceria com o Anima Mundi. Para se atualizar sobre as novidades do setor, buscou desde então outros cursos particulares. No entanto, a infraestrutura para a produção com as crianças ainda está longe do ideal. “A gente improvisa muito. Só temos uma mesa de luz. Precisaríamos de uma sala com, no mínimo, 20, para serem usadas em duplas, já que cada turma tem 40 alunos”, explica.

Sobre a dificuldade que a maioria dos adultos sente para desenhar, a professora tem uma opinião formada. Para ela, não é necessário que a habilidade para o desenho seja deixada de lado quando a gente começa a escrever à mão. “Desenho e escrita podem ser complementares. Uma maior ou menor inibição para o desenho depende do processo de aprendizado e também da forma como o professor estimula o traço do aluno. Na prática de sala de aula existe o desenho livre, o desenho de cópia, o recorte e o desenho para colorir. Mas nem tudo estimula a criatividade e a expressividade em si. O professor de Artes é quem passa os exercícios específicos capazes de aguçar essa capacidade motora fina – em que, aliás, não se trabalha só a criação, mas a observação de imagem.” A partir desse refinamento para a interpretação da imagem, até a interpretação de texto fica facilitada, e mesmo os alunos bem pequenos podem sair ganhando. Daí a extrema importância de que haja professores de Artes do 1º ao 5º ano, como atualmente é obrigatório na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro.

 
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