Nascido em 1964, no Rio de Janeiro, João Jardim formou-se em Jornalismo pela Faculdade da Cidade e estudou Cinema na Universidade de Nova York. No início de sua carreira, trabalhou como assistente de direção nos longas Faca de Dois Gumes, de Murilo Salles, Dias Melhores Virão, de Cacá Diegues, e Luar sob Parador, de Paul Mazursky. Na TV Globo, na década de 1990, atuou como editor das minisséries Memorial de Maria Moura e Agosto e como diretor de Engraçadinha. Ainda para a TV, dirigiu os documentários Free Tibet e Terra Brasil – este último premiado no Festival de Televisão de Nova York – e editou João e Antônio, especial com Tom Jobim e João Gilberto, além da série Caetano Veloso, 50 Anos, de Walter Salles.
O primeiro longa-metragem, Janela da Alma (2002), em parceria com Walter Carvalho, se tornou o oitavo lugar daquele ano nas bilheterias brasileiras, ficando em cartaz por 48 semanas. O diretor ainda levou para casa oito prêmios, entre eles os de melhor documentário da Academia Brasileira de Cinema, da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e dos festivais internacionais Message to Men (Rússia) e Ecocinema (Grécia).
Em 2006, Jardim repetia o sucesso de público e crítica com Pro Dia Nascer Feliz, que conseguiu dez prêmios – incluindo três de melhor documentário na Mostra de São Paulo (júris oficial, popular e da juventude) e três entre os mais importantes do Festival de Gramado: dois de melhor filme (crítica e júri popular), além do Prêmio Especial do Júri.
Nos últimos anos, dirigiu alguns episódios da série Por Toda a Minha Vida, para a TV Globo, sobre Nara Leão, Elis Regina, Raul Seixas e Dolores Duran. Os programas sobre Elis e Nara Leão foram indicados ao Prêmio Emmy Internacional, respectivamente em 2007 e 2008, na categoria melhor programa de arte. Ainda em sua filmografia, destacam-se Amor? (2010), primeiro longa-metragem de ficção, sobre relações amorosas que envolvem violência – o filme recebeu o prêmio de público de melhor filme no Festival de Cinema de Brasília de 2011; e Lixo Extraordinário (2009), do qual foi codiretor, indicado ao Oscar de melhor documentário em 2011.
Janela da Alma, realizado a partir da ansiedade daqueles que “pouco” enxergam, faz um ensaio poético e bem-humorado sobre o que é olhar. Depoimentos como o do escritor José Saramago, do músico Hermeto Pascoal, do cineasta Wim Wenders e do fotógrafo cego Bavcar ilustram a dificuldade de ver as coisas como elas são. Em 2012, dirigiu para o canal GNT a série Novas Famílias, sobre novas configurações familiares, e para o programa Fantástico, da Rede Globo, a série de quadros sobre o centenário do cantor Luiz Gonzaga.
Entrevistado do programa Tela Aberta, João Jardim conversou com o Portal MultiRio. O diretor falou sobre sua carreira, a relação entre cinema de animação e educação, bem como sobre o seu próximo projeto.
MULTIRIO - O cinema pode ser utilizado como ferramenta na educação? Como?
JOÃO JARDIM - O cinema deve ser utilizado como forma de educar, não no sentido de ensinar conteúdos específicos, mas de abordar questões ligadas à ética, o certo e o errado. Ele funciona como um espelho onde quem assiste (a sociedade em geral) se olha e se ajeita um pouquinho. Ou seja, aprimora sua forma de raciocinar, ou de entender o mundo que nos cerca.
MULTIRIO - Como foi participar do programa Tela Aberta?
JJ - A participação no programa Tela Aberta foi ótima. O curta-metragem universitário Um Sexto Sentido – Outro Olhar sobre o Palco (documentário exibido durante o programa), de Amana Iandara, é delicado e certeiro ao abordar a questão dos artistas cegos. Discutir este trabalho com Marcelo Janot, para o público em geral, foi estimulante. Compreendam a mensagem que o filme apresenta.
MULTIRIO - Como seus temas são eleitos?
JJ - Escolho meus temas sempre pensando em fazer bons filmes que sejam relevantes para as pessoas.
MULTIRIO - Seus filmes se destinam, em linhas gerais, a que tipo de público?
JJ - Meus filmes são para o público em geral, sem segmentação.
MULTIRIO - Quais são seus projetos de curto, médio e longo prazos?
JJ - Atualmente, trabalho em um longa-metragem de ficção sobre os últimos dias de Getúlio Vargas. Por hora, não tenho outros projetos definidos.
O programa Tela Aberta é exibido pela BandRio todas as terças-feiras, das 14h às 14h30, e reapresentado pelo canal 14 da NET aos domingos, das 19h30 às 20h.