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É preciso saber dosar criatividade e técnica
16 Setembro 2013 | Por Luís Alberto Prado
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Diretor criativo e sócio do Copa Studio, responsável pela série de animação Tromba Trem, que venceu o Anima TV e está sendo exibida atualmente no Brasil em canais de TV abertos e a cabo, Zé Brandão desenvolve trabalho com variadas técnicas de animação, mas sobretudo animação 2D digital. Ele é também roteirista e diretor de animação.

Marcelo Janot 1MULTIRIO – Como tudo começou?
ZÉ BRANDÃO – Sou de uma época em que séries de animação brasileiras na TV estavam longe de ser uma realidade. Comecei minha carreira de uma maneira bem “sem querer”. Eu sempre gostei de animação, sempre quis fazer animação, mas não fazia a menor ideia de que animação podia ser uma profissão. Mas quando eu fazia os estágios nas empresas, sempre me enveredava por pequenas animações para internet. Um dia, tinha um classificado de jornal dizendo “precisa-se de animadores”. Eu não me considerava animador ainda, mas fui atrás, meti as caras. Quando vi, na verdade, era para trabalhar como animador na TV Globo. Fiz uma seleção e passei. Trabalhei lá mais ou menos por três anos. Só que no meu departamento, na época, a animação era mais cenário, figuração, ficava em segundo plano, e eu tinha muita vontade de trabalhar com animação como o principal objeto do trabalho. Quando foram montar um núcleo de animação na Labocine, eu fui. E lá fizemos dois longas-metragens. No segundo, eu me tornei diretor de animação (Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo), e a experiência foi muito boa.

MULTIRIO – Quais são as suas influências?
ZB – Entre muitas séries de animação, destacaria Bob Esponja, Mansão Foster para Amigos Imaginários, Meninas Superpoderosas, Samurai Jack, Gumball e Hora da Aventura. Em longa-metragem, destaco as produções francesas Bicicletas de Belleville e O Mágico. Claro que também tem produções americanas como UP – Altas Aventuras, que só não faz chorar quem não tem coração. Quando penso no Tromba Trem, as influências não se limitam à animação. Para fazer um episódio sobre o Paraguai, por exemplo, fomos estudar a arte do país. Em termos técnicos, nossos trabalhos anteriores foram uma referência. Além disso, me inspiro em outras mídias, como livros, quadrinhos e até alguns vídeos virais da internet.

MULTIRIO – Como estão o mercado de animação e os projetos educativos?
ZB – Acho a animação uma mídia muito completa, e usá-la na educação é algo muito válido e eficiente. Porém, não é o caso do que nós estamos produzindo. Por enquanto, nossas produções são mais voltadas para o entretenimento. Esse tipo de produção tem um público mais heterogêneo, abrindo a possibilidade de uma distribuição mais ampla, incluindo países de outras línguas e culturas. Quanto maior a distribuição, melhor conseguiremos recuperar o montante investido, criando assim uma cadeia produtiva cujo objetivo é, em médio e longo prazos, ser autossustentável.

MULTIRIO – E o Tromba Trem? Como ele se posiciona nesse quadro?
ZBTromba Trem tem como público-alvo crianças de 6 a 9 anos. Eu acredito na inteligência desse público, acho que não precisa ser tudo extremamente explicadinho. O Tromba Trem não ensina as matérias do currículo escolar, mas levanta questões para debater. Por exemplo, o programa não tem um vilão. Dependendo da situação, um personagem pode ser visto como bom ou mau. Suas ações trazem consequências.

MULTIRIO – Criatividade ou técnica?
ZB – Difícil isso, bem difícil. Animação é muito aquele clichê: 90% transpiração e 10% inspiração. É realmente muito mais trabalho do que qualquer outra coisa. Exige muito tempo, muita paciência. Mas, ao mesmo tempo, esses 10% de inspiração precisam ser muito inspirados mesmo. Então, é difícil dizer o que precisa mais. Não adianta a pessoa ser muito criativa se não tiver a técnica.

MULTIRIO – Como acompanhar a evolução tecnológica?
ZB – A tecnologia muda o tempo todo, mas eu sou do time que acha que a tecnologia é só mesmo uma ferramenta, e a ela você se adapta. Se você souber a técnica básica, vai se adaptar a todas as ferramentas. O mais importante é conhecer bem as regras do universo da animação e ter criatividade e originalidade na hora de usá-las. É importante saber como o desenho ou o objeto se comporta no tempo e no espaço, usar boas poses, bons layouts. Uma vez dominando isso, vem a criatividade, saber estilizar e exagerar. Há uma série de coisas que envolvem a técnica de animação como um todo – os fundamentos. E dominando os fundamentos muito bem, depois é só uma questão de dominar as ferramentas. Porque eu vejo muitas pessoas que gostam de animação, que querem fazer animação, tendo como primeira pergunta “qual o programa que eu uso, qual o curso de software que eu faço?”. A verdade é que software não forma nenhum animador. No fim das contas, os fundamentos são mais importantes do que a tecnologia.

O programa Tela Aberta é exibido pela BandRio todas as terças-feiras, das 14h às 14h30, e reapresentado pelo canal 14 da NET aos domingos, das 19h30 às 20h.

 
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