ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Facebook
Instagram
Twitter
Ícone do Tik Tok

A influência da espiritualidade na saúde
26 Março 2021 | Por Larissa Altoé
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp
Pixnio

Menos estresse, pensamentos negativos, depressão, ansiedade, desesperança, vergonha e autocrítica excessiva – foram esses os resultados que um grupo de pessoas alcançou ao fazer oito semanas de terapia de grupo como parte da pesquisa científica Eficácia da Terapia Focada na Compaixão em grupo no transtorno de estresse pós-traumático.

A pesquisa faz parte da tese de mestrado da psicóloga Lina Sue Matsumoto Videira e foi aprovada pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em 2018. A psicóloga esclareceu em vídeo veículado pela USP que a terapia também é eficaz para o estresse trazido pela pandemia, já que o contexto atual pode ser considerado traumático.

Esse é apenas um exemplo prático e científico de como a interioridade humana está diretamente ligada à saúde. Cientistas de todo o mundo estão pesquisando sobre a relação entre os sentimentos/pensamentos humanos e qualidade de vida, disponibilizando cursos on-line gratuitos sobre esses temas.

A psicóloga Lina é voluntária no ProSer, programa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O programa dedica-se à pesquisa das relações entre espiritualidade e saúde, além de desenvolver atividades de ensino e assistência. "As principais universidades do mundo estão trabalhando nessa área", disse Frederico Leão, coordenador do ProSer, em um vídeo de divulgação nas redes sociais. Frederico explicou que o significado de espiritualidade "vai além da religião, baseia-se na imanência (essência, intencionalidade interior) e na transcendência (o que é superior à natureza física das coisas)".

A terapia conduzida por Lina é focada na compaixão. "O sofrimento é inerente à experiência humana. É preciso gerar autocompaixão para si mesmo. É diferente de dó, pena, piedade. A palavra latina é compati, que significa sofrer com. Precisamos reconhecer e falar do que nos faz sofrer. Isso reduz o medo, aumenta a confiança e dá força interior; nos abre e nos conecta com o outro; nos dá trégua de nossas dificuldades", explicou a psicóloga.

Mestre em Ciências pelo Instituto de Psiquiatria da USP, Lina mantém um canal no YouTube, no qual disponibiliza a terapia focada na compaixão. Desde 2009, ela tinha o projeto Cuidar Compaixão engavetado por falta de tempo, com a pandemia, pôde se dedicar a ele. "O objetivo é a promoção da saúde mental ", disse ela.

Referências internacionais

Um pioneiro nesse tipo de abordagem compassiva é Paul Gilbert, professor de Psicologia Clínica da Universidade de Derby (Inglaterra). Além de ser PhD em sua área, ele recebeu o título OBE, que siginifica The Order of British Empire (A Ordem do Império Britânico). Paul ensinou que "os pensamentos e a imaginação tocam no seu corpo como dedos tocando no piano".

Paul Gilbert e colegas mantém o site The Compassionate Mind Foundation (Fundação da Mente Compassiva), com recursos on-line disponíveis de forma gratuita (em inglês). Segundo a equipe, um dos grandes desafios da humanidade é estimular caminhos compassivos de pensar e resolver problemas para o benefício de todos.

Esses pesquisadores estão em consonância com a visão contemporânea de saúde. A Organização das Nações Unidas, desde 1984, decidiu em assembleia que saúde não é mais considerada apenas ausência de doença; que devemos levar em consideração aspectos físicos, psicológicos e sociais da pessoa humana.

A relação entre espiritualidade e saúde também tem se modificado ao longo da história. Frederico Leão, mestre em psiquiatria pela USP, explicou em vídeo que essa relação passou, ao longo da história, do conflito para a indiferença/desprezo, e, na atualidade, encontra-se em uma fase de cooperação.

Um outro exemplo desse patamar colaborativo, dessa vez nos Estados Unidos, é o do professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachussets, Jon Kabat-Zinn. Ele é responsável, em grande medida, por incrementar no Ocidente a valorização da meditação, das orações e do pensamento positivo. Jon fundou, nos anos 1970, o Centro de Atenção Plena, na Universidade de Massachussets, que se desenvolveu para o atual Mindfulness-Based Stress Reduction (Redução de Estresse por meio de Atenção Plena), um centro universitário que se dedica à redução do estresse por meio da meditação e oferece cursos on-line gratuitos em inglês.

Em entrevista ao jornalista Drake Baer, Jon Kabat-Zinn disse que "a mindfulness representa uma nova maneira de ser no relacionamento com você mesmo, um relacionamento que é catalítico de uma nova maneira de aprendizado e de cura continuados. A transformação vem com a compreensão de que não somos nossos pensamentos. Somos mais que isso. Temos mais nuances e multidimensionalidade. A atenção plena promove a amizade consigo mesmo (…). Essas práticas de meditação são realmente designadas a reconhecer e aprender a habitar o domínio do ser, em oposição a fragmentá-lo numa divisão entre sagrado e secular, entre corpo e mente, ou entre você e os outros".

Educação Socioemocional

Para professores que gostam de temas correlatos, está disponível no Portal MultiRio a II Semana de Educação Socioemocional, formação dada em novembro de 2019 na Escola Paulo Freire. Disciplina positiva e neurobiologia da emoção humana estão entre os temas.

Links:

Eficácia da Terapia Focada na Compaixão em grupo no transtorno de estresse pós-traumático

Saúde mental e espiritualidade - do panorama mundial ao ProSer

Canal Lina Sue no YouTube

Site do ProSer

The Compassionate Mind Foundation

Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR)

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp