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Alfabetização e discurso: histórico e prática docente
18 Setembro 2018 | Por Fernanda Fernandes
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A professora Verônica Marci, da E.M. Jornalista Sandro Moreyra (8ª CRE), apresentou a performance De dentro da caixa (Foto: Alberto Jacob Filho)

A manhã do último dia da VI Semana de Alfabetização, realizada pela SME-Rio, teve início com a contextualização histórica da alfabetização na Rede Municipal, por Teresa Cristina Araújo, supervisora da 3ª CRE, e Ana Cristian Veneno, da Assessoria de Articulação Pedagógica da MultiRio. Depois, a professora Cecilia Goulart, doutora em Letras e coordenadora do Grupo de Pesquisa/CNPq Linguagem, Cultura e Práticas Educativas, discutiu oralidade, leitura e produção de textos. Subiram, ainda, ao palco, para compartilhar práticas docentes, as professoras Monique Santiago, da E.M. Ayrton Senna da Silva (8ª CRE), Margareth Ramos, da E.M. Irã (5ª CRE), Vanessa Ribeiro, da E.M. Antonio Pereira (3ª CRE), e Cláudia Pinudo, da E.M. Alina de Brito (7ª CRE).

Teresa Cristina Araújo começou situando marcos históricos da Educação ao longo da História do Brasil, destacando conquistas e mudanças a cada década, passando por modelos de organização do ensino, pela criação do Ministério da Educação e pela interrupção de ideias que revolucionaram a educação brasileira, durante o período da ditadura militar. “A História da Educação é marcada por rupturas muito relacionadas a questões políticas”, afirmou.

Partindo de sua experiência pessoal como aluna e, depois, professora da Rede, onde iniciou sua prática em 1988, Ana Cristian Veneno, da MultiRio, contou suas impressões de quando iniciou seu trabalho como alfabetizadora. “Sempre me perguntei por que professores ingressantes costumam receber turmas de alfabetização; isso não deveria acontecer. Eu sequer tive disciplina de alfabetização em minha formação. Mas pela experiência ao longo da minha prática, venho repensando inclusive isso, dada a complexidade de se constituir professor nesses processos”, admitiu Ana Cristian, sob olhares e reações de concordância vindas dos professores presentes no auditório da Escola de Formação Paulo Freire. Ela falou sobre o acolhimento e a orientação vinda dos professores mais experientes, ressaltando a importância da troca entre os pares e, sobretudo, do estudo.

“As pessoas me perguntavam se eu era construtivista e eu nem sabia o que isso significava. Mas, hoje, temos recursos para acessar materiais e livros, e redes de compartilhamento para facilitar o estudo! A maior dificuldade parece estar em entender nossos percursos”, comentou Ana Cristian, que destacou as produções da MultiRio Ideias e Caminhos – Aperfeiçoamento de Alfabetizadores (2009) e Interações Pedagógicas 2018 – Time de Alfabetizadores.

Alfabetização e discurso – Fala, leitura e produção de textos 

As professoras Ana Cristian Veneno, Cecilia Goulart e Teresa Cristina Araújo (Foto: Alberto Jacob Filho)

Cecilia Goulart, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), trouxe uma breve visão sobre ensino-aprendizagem da escrita e concepções de linguagem. Ela apontou três possibilidades de se pensar a linguagem – como instrumento do pensamento, reflexo do pensamento e interação –, explicando três perspectivas: 

- Comportamentalista – Com ênfase no indivíduo, propõe que se aprenda por gradação de dificuldades e por repetição, com várias didáticas – dependendo da unidade linguística escolhida como ponto de partida.

- Construtivista – Com ênfase na relação entre a camada sonora da língua e as letras, e no desenvolvimento individual do sujeito a partir da relação com o objeto de aprendizagem – a escrita; nesta, a proposta é compreender como a criança aprende a escrita; não é uma didática.

- Interacionista – Com ênfase no conhecimento que chega e se produz na sala de aula por professores e alunos, em forma de textos orais e escritos; propõe uma forma de compreender como se ensina e se aprende a escrita com base na realidade dos sujeitos e na realidade dos conteúdos que a escola se propõe a ensinar.

“A prática educativa é uma prática social que se movimenta na realidade e com a realidade. Não adianta ensinar na escola algo que não ajude os alunos a viver melhor, entender o mundo fora da escola. Explicar, por exemplo, que a fome pode ser, na verdade, diferentes fomes: a de quem não tem o que comer ou a de quem está de dieta. Não basta ensinar F-O-M-E”, exemplificou a educadora.

Cecilia Goulart apresentou, ainda, experiências e atividades propostas por professores, comentando cada processo e reforçando a necessidade de envolver as crianças no processo de aprendizagem.

“A aprendizagem não é um processo previsível e controlável. As falas das crianças indicam caminhos para boas intervenções. A questão não é o fonema ou a sílaba, e sim estar em um universo de sentido para as crianças.”

Experiência de professoras da Rede

Monique Santiago, da E.M. Ayrton Senna da Silva (8ª CRE), apresentou o projeto de leitura e escrita desenvolvido em sua escola, o qual inclui ciranda de livros, shows e caracterização de personagens e autores literários, e reforçou a importância de permitir o acesso ao livro à criança. “Com os livros fechados no ‘cantinho da leitura’, não se criam asas. Deixem as crianças manipularem os livros! Vamos promover o acesso delas a esse bem cultural.” 

Cláudia Pinudo, Monique Santiago, Margareth Ramos e Vanessa Ribeiro compartilham suas práticas docentes (Foto: Alberto Jacob Filho)

Em seguida, Margareth Ramos, da E.M. Irã (5ª CRE), falou sobre o projeto Descobrindo a Cultura Indígena Através da Leitura, desenvolvido em parceria com o autor Luís Camargo, por meio do qual foi possível trabalhar com informações e obras da artista Arissana Pataxó, difundir a cultura indígena por meio de cartazes e apresentações a outras turmas e até mesmo contatar a autora. “Enviei por e-mail uma série de perguntas feitas pelos alunos. Ela não só respondeu, como mandou fotos”, contou a professora. 

Vanessa Ribeiro, da E.M. Antonio Pereira (3ª CRE), apresentou práticas facilitadoras para a passagem da Educação Infantil, na qual leciona, ao Ensino Fundamental. “A alfabetização não é algo estanque, é um processo. Se o aluno está desde a Educação Infantil na escola, por que não inseri-lo no mundo letrado? Temos que pensar nessa transição não apenas pelo espaço ou pelos professores, mas também pelo currículo”, provocou a professora. Assim, ela descreveu práticas desenvolvidas na unidade escolar onde atua: execução de subprojetos que integram alunos de ambas as etapas de escolaridade, planejados conjuntamente; leitura diária em diferentes espaços da escola; trabalho com números por meio de calendários e contagem do número de meninos e meninas presentes diariamente; rodas de conversa antecipando o tema a ser abordado na aula, a fim de ouvir mais as crianças e sobre o que elas sabem.

Por fim, Cláudia Pinudo, da E.M. Alina de Brito (7ª CRE), apresentou o projeto Tá no Pé, na Vida e Também na Escrita, desenvolvido com alunos do 1º ano a partir de uma amendoeira situada no pátio da escola. “Olhamos para a árvore e percebemos que poderíamos levá-la para a sala de aula. As crianças observaram o tronco, a diferença nas cores e nos formatos das folhas, pesquisaram por que as frutas caem e até provaram os ‘coquinhos’ de dentro. A amendoeira, agora, tem nome, sentido e significado. Uma escrita que ‘dá pé’ e dá sentido porque está na vida.”

 
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