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Gestão escolar no foco das CREs
11 Julho 2017 | Por Márcia Pimentel
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Gestao Escolar Miolo Cópia
Foto Portal Mec

Por que algumas escolas vão tão bem e outras, muitas vezes localizadas na mesma comunidade, não conseguem deslanchar? Há mais de um século, várias pesquisas tentam responder a essa pergunta. Quase todas partem da premissa de que o problema reside no aluno.

A primeira teoria – do final do século XIX, conhecida como Abordagem Organicista – produziu uma grande lista médico-neurológica com a descrição das dificuldades de aprendizagem. A segunda, – a Abordagem Cognitivista, de meados do século XX – apontou que essas dificuldades seriam cognitivas e estariam relacionadas a disfunções nos processos psicológicos básicos.

A terceira teoria – a Abordagem Afetiva – surgiu um pouco depois e concluiu que os problemas não seriam neurológicos nem cognitivos, mas socioafetivos, ligados a transtornos da personalidade. A quarta – a Abordagem do Handicap Sociocultural – do início dos anos 1970, identificou no meio sociofamiliar a origem do fracasso, pois a bagagem social e cultural dos alunos seria decisiva no processo de aprendizagem.

Por fim, a teoria denominada Questionamento da Escola, da mesma época, deslocou o foco do problema: ele não estaria no aluno que não aprende, mas na escola que não ensina em razão de inúmeros fatores, como a inadequação de métodos pedagógicos, a formação insuficiente do professor, as dificuldades nas relações com a comunidade escolar... E para Suely Pontes, a nova coordenadora-geral das CREs da Secretaria Municipal de Educação (SME), não há dúvidas de que o problema do fracasso nas unidades da Rede está dentro do espectro escolar. E ela não titubeia em apontar: “A questão principal é a gestão”.

Suely Pontes
Suely Pontes, a nova coordenadora geral das CREs. Acervo pessoal, Facebook

Por estar convencida de que diretores e diretoras de escolas precisam ampliar seu cabedal de instrumentos para melhor administrar suas unidades, Suely elegeu a realização de cursos para gestores como prioridade das CREs. “Os gestores têm que aprender a se empoderar, a enfrentar os problemas com liderança, mas sem perder a ternura, porque ela também é fundamental nas relações. E precisam de uma veia pedagógica profunda. É fundamental que tenham sido professores. E professores de excelência, porque o técnico é fácil de encontrar, mas aquele que sabe ganhar a turma, os pais e a escola é que é ‘o cara’, com certeza”, afirma.

Para levar a cabo sua convicção – formada não só a partir da experiência como professora, diretora e coordenadora do programa Escolas do Amanhã, mas também a partir de conversas com as atuais coordenadoras das CREs –, Suely vai começar a empreitada com um curso-piloto para os diretores das dez unidades prioritárias da Rede (aquelas de pior desempenho). “Não vou inventar muita coisa. Apenas convocar nossos melhores gestores para que passem, de maneira sistematizada, suas experiências aos diretores dessas escolas, que vão aprender com a prática de quem sabe”, explica, lembrando que será preciso acompanhar o trabalho de cada um após o curso.

Em relação às demais eunidades que também precisam melhorar seu desempenho, Suely informou que vai se reunir com as CREs para que cada uma promova cursos a partir do formato-piloto. “É um trabalho de formiguinha, mas aos poucos chegaremos lá”, diz, otimista.

Peculiaridades e recados

O fato de seis entre as dez escolas prioritárias da Rede estarem localizadas na Maré acendeu um sinal de alerta para a nova coordenadora das CREs: o de que é preciso estudar as especificidades de cada região, a fim de ajudar essas unidades a se articularem melhor com as comunidades. Nessa mesma empreitada também estão os profissionais do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares (Niap), que têm costurado parcerias com o Conselho Tutelar.

Gestao Escolar diretoras Cópia
Eliane Lopes e Patrícia Azevedo, gestoras da E.M. Haydéa Vianna Fiuza de Castro, escola organizada e que acumula bons desempenhos nas provas Rio e Brasil. Foto Alberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

Suely acredita que todo bom gestor deve estudar a comunidade na qual sua escola está inserida: “É fundamental criar um relacionamento com as famílias e o entorno. E, normalmente, a abordagem precisa mudar ano a ano, porque as coisas são dinâmicas”. Segundo ela, o que normalmente vem acontecendo com as unidades prioritárias é que “as comunidades estão derramando seus problemas dentro da escola, quando a escola é que tem que se derramar dentro das comunidades”. E, para que isso ocorra, ainda de acordo com a nova coordenadora das CREs, o diretor precisa ser firme e gentil, saber manter a disciplina na escola, conquistar a parceria das famílias, ter metas claras, manter a limpeza e a organização do espaço, cuidar dos murais, acompanhar a parte pedagógica, saber por que uma turma ou um aluno não está tendo bom desempenho...

“O gestor deve ter uma gama de estratégias voltadas para professores, alunos, funcionários, famílias e comunidade. E tudo isso com muito carinho e perspicácia”, resume. Mas Suely não para por aí: “Outro ponto fundamental é saber ouvir, porque a melhor parte é sempre a humana. E isso inclui as coordenadoras das CREs. É muito importante que saibam se colocar no lugar do outro, que se façam iguais”, diz, acrescentando em seguida: “Mas sem nunca perder o foco”.

Se os principais motivos do mau desempenho dos alunos estão na escola – como considera a nova coordenação das CREs –, as quatro primeiras teorias sobre o fracasso escolar, citadas no início desta matéria, são inválidas? Na opinião de conceituados pesquisadores contemporâneos da área de Educação, transtornos e problemas médicos podem ocorrer, sim, de forma pontual. Contudo, grande parte desses especialistas considera que, na verdade, as teorias do déficit cultural, linguístico e cognitivo ocultam – como se posicionou Magda Soares, em seu livro Linguagem e Escola: uma Perspectiva Social – a discriminação social sofrida pelas camadas mais populares e isentam a sociedade e a escola de suas responsabilidades.
es, hábitos e disciplina”.

 

 
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