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Células-tronco
01 Janeiro 2010 | Por MultiRio
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Pequenas e de grande ajuda

Você. Um menino ou menina crescida, com olhos, boca, nariz, ossos, pele, músculos, coração, pulmão, fígado... No ano passado, você provavelmente era um pouco menor, mas já tinha tudo isso. E, alguns anos atrás, ao nascer, mais parecia uma miniatura, mas já era uma pessoa completamente formada, que só precisava de tempo e cuidados para crescer.

Ora, se você já nasceu assim, prontinho, como foi formado? Você já sabe que isso aconteceu na barriga da sua mãe. Mas talvez não saiba ainda que tudo isso que você é hoje começou com uma única célula!

Um novo ser humano começa a se formar quando uma célula reprodutiva feminina – o óvulo – e uma célula reprodutiva masculina – o espermatozóide – se unem. A união das duas dá origem a uma nova célula, chamada ovo, que em seguida começa a se multiplicar em várias células, formando um embrião. Isso acontece por meio de um processo chamado divisão celular: o ovo se divide em duas células, que por sua vez, também se dividem em duas outras células cada e assim por diante, num ritmo bastante acelerado – cinco dias após a fecundação, o embrião já possui aproximadamente 100 células, formando uma espécie de esfera.

No interior dessa esfera encontram-se as células chamadas pelos cientistas de células-tronco embrionárias. Elas têm a capacidade de se multiplicar e se transformar nos diferentes tipos de tecidos que formam o corpo humano: muscular, nervoso, ósseo e assim por diante – mais de 200 tipos diferentes! Por isso, recebem o apelido de pluripotentes.

Velhas conhecidas - Há muito tempo os cientistas se interessam pelo estudo das células-tronco embrionárias. No início do século 20, os pesquisadores alemães Hans Spermann e Jacques Loeb começaram a desvendar os segredos das células-tronco fazendo estudos em embriões. Em experiências com embriões de sapos e rãs, eles viram que, quando as duas primeiras células do embrião são separadas, elas podem dar origem a dois girinos completos – esse processo, que eles induziram artificialmente, também acontece na natureza: é o caso dos gêmeos idênticos. Por essa capacidade de formar organismos inteiros, as células formadas nos primeiros dias após a fecundação são chamadas totipotentes.

Apesar dos muitos estudos, os cientistas ainda não descobriram como as células embrionárias “sabem” quando e em que tecido devem se transformar. Porém, após essa transformação, as células perdem a capacidade de originar qualquer tecido do corpo: a partir de então, as células que se originam são todas do mesmo tipo, ou seja, células de fígado geram novas células de fígado, células de coração geram novas células de coração etc.

Porém, existe ainda um outro tipo de células-tronco presente nos organismos já formados: são as células-tronco adultas, que apesar do nome, já estão presentes nos bebês quando eles nascem. Ao contrário das células-tronco embrionárias, as células-tronco adultas têm uma capacidade limitada de se transformar em outras células e só podem se diferenciar em poucos tipos de tecidos. Por exemplo, existem células-tronco na medula óssea, no sangue e no fígado de crianças e adultos. Porém, elas existem em quantidades muito pequenas e ainda não se sabe exatamente em que tecidos elas podem se diferenciar.

Quem precisa de células-tronco? – Desde que descobriram a existência das células-tronco, os cientistas ficaram curiosos sobre como esse novo conhecimento poderia ser usado. Foram muitas pesquisas realizadas e, nos últimos anos, as células-tronco têm sido apontadas como possíveis soluções para diversas doenças. Um exemplo do que já começou a ser feito é o uso de células-tronco retiradas do sangue do cordão umbilical de doadores para tratar pacientes com leucemia, um tipo de câncer que ataca a medula óssea, órgão responsável pela produção do sangue.

Outro uso está no tratamento de doenças do coração. No caso de infarto, onde parte do músculo cardíaco fica afetada, já é possível usar células-tronco retiradas da medula do próprio paciente para regenerar o músculo prejudicado. As células-tronco também podem ajudar a tratar pacientes com doenças do sistema nervoso, como a esclerose múltipla – uma doença inflamatória do sistema nervoso central.

Esse tipo de tratamento é chamado terapia celular, pois seu principal componente são as células. Uma das estratégias utilizadas é destruir as células doentes do paciente, para, em seguida, substituí-las por novas células, geradas a partir de células-tronco que se transformam no tecido necessário.

As técnicas das quais falamos até agora usam células-tronco retiradas de organismos adultos. Porém, essas células têm uma capacidade limitada de se transformar em outras células. Já as células-tronco embrionárias, por sua vez, têm grande capacidade de fazer isso. Assim, pesquisadores já conseguiram transformar células-tronco embrionárias em diferentes tipos de célula. Aprofundar essas pesquisas para controlar essa diferenciação abriria a possibilidade de construir os diversos tecidos e órgãos do corpo humano em laboratório.

E aí começa uma grande discussão sobre o uso de células-tronco...

Usar ou não, eis a questão - Embora sejam potencialmente muito úteis para a ciência e a medicina, as células-tronco embrionárias envolvem uma questão muito delicada. É que, para consegui-las, é preciso destruir embriões humanos. E como decidir se os embriões devem ser destruídos?

Atualmente, as pesquisas que trabalham com células-tronco embrionárias retiram essas células duas fontes possíveis: clínicas de reprodução assistida e clonagem terapêutica. Vamos traduzir essas expressões...

As clínicas de reprodução assistida surgiram para ajudar casais que, por algum motivo, não conseguiam ter filhos. Seu trabalho consiste em juntar artificialmente o óvulo e o espermatozóide, gerando embriões que depois são transportados para o útero das mulheres que desejam engravidar. Este processo se chama fertilização in vitro, e os bebês que nascem a partir disso são conhecidos como bebês de proveta. O primeiro bebê de proveta brasileiro nasceu em 1984.

Parece fácil fazer fertilização in vitro, mas não é. Por isso, cada vez que um casal tenta ter um filho desta maneira, os médicos produzem vários embriões, de modo a aumentar as chances de sucesso. Alguns desses embriões são colocados no útero da futura mamãe, outros, por conterem pequenos defeitos ou simplesmente por estarem em quantidade grande demais para ser implantados no útero, são descartados. São estes os embriões utilizados nas pesquisas com células-tronco embrionárias.

Outra fonte de embriões é a clonagem terapêutica, em que os cientistas produzem uma célula nova introduzindo o núcleo de uma célula doadora num óvulo também doado.  Porém, em vez de ser implantada no útero de uma mulher para gerar um bebê, a nova célula será deixada em laboratório para se reproduzir e gerar outras células pluripotentes, que podem ser transformadas nos tecidos que os cientistas desejarem.

Essa estratégia evitaria o risco de rejeição que os pacientes correm durante um transplante em que recebem células de outra pessoa, pois as células doadoras viriam do próprio paciente. Na prática, porém, ainda não é fácil aplicar essa técnica, pois ainda há muitas dúvidas quanto à sua eficácia e segurança.

Essas duas formas de obter células-tronco embrionárias dão o que falar! É importante que você saiba o quão difícil é decidir sobre isto, pois são muitos os grupos envolvidos: cientistas, pacientes com doenças que poderiam ser tratadas com células-tronco, políticos que aprovam ou não as leis que permitem o estudo das células embrionárias, religiosos que defendem a vida dos embriões.

Alguns países, como Reino Unido e Israel, têm uma postura liberal em relação à pesquisa com células-tronco. Outros, como a Itália, a proíbem ou restringem. E vários ainda não têm legislação sobre o assunto. No Brasil, o tema foi muito discutido em vários setores da população.

Em 2005, foi aprovada uma lei que permitia o uso de embriões congelados por mais de três anos e que seriam descartados. Mesmo depois disso, a polêmica continuou, e houve uma nova aprovação desse tipo de pesquisa em 2008.

Em relação às células-tronco adultas, as principais pesquisas brasileiras procuram tratamentos para problemas do coração, como o infarto e as complicações pela doença de Chagas. Aliás, a maior pesquisa do mundo com células-tronco adultas nessa área está sendo feita em nosso país, com cerca de 1,2 mil pacientes cardíacos.

Alternativas - Além de continuar estudando as células-tronco humanas, alguns cientistas optam também por procurar alternativas para seu uso. Por exemplo, um grupo de pesquisadores brasileiros decidiu tentar transferir para outras células a grande capacidade de se transformar em outros tecidos que caracteriza as células-tronco embrionárias.

No início de 2009, eles anunciaram que conseguiram produzir em laboratório células de pluripotência induzida, ou seja, células que não são células-tronco de embriões, mas conseguem também se diferenciar em diferentes tipos de células.

Essa é uma saída interessante para a polêmica das células-tronco, pois não requer a destruição de embriões humanos. Alguns pesquisadores acreditam que, se a pesquisa nessa área avançar bem, no futuro não será mais necessário o uso de células-tronco.


Fontes para consulta

Artigo Mayana Zatz/Ciência e Cultura - http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252004000300014&script=sci_arttext

Células-tronco/site Brasil Escola - http://www.brasilescola.com/biologia/celula-mae2.htm

Site projeto Ghente - http://www.ghente.org/principal.htm

Especial ComCiência - http://www.comciencia.br/reportagens/celulas/01.shtml

 
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