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Comunicação auxilia interesse pela escola
09 Abril 2015 | Por Sandra Machado
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im 300Aproximar o aluno da escola se utilizando da comunicação. Idade Mídia – a Comunicação Reinventada na Escola é uma obra que integra essa proposta transmidiática, composta também por um blog e por um perfil no Facebook. O livro apresenta a trajetória, a metodologia e os depoimentos de participantes dos dez primeiros anos do projeto Idade Mídia, inclusive alguns dos mais de 200 estudantes que passaram pelo programa naquele período. Nas diferentes produções estão registradas as experimentações que começaram em 2002, quando os jornalistas Alexandre Le Voci Sayad e Gilberto Dimenstein, que já eram parceiros na Associação Cidade Escola Aprendiz, emplacaram um plano piloto no Colégio Bandeirantes, apelidado pelos “idademidianos” de Colband, em São Paulo.

Ao longo de cada ano letivo, um grupo de, no máximo, 25 alunos selecionados, deve criar, batizar e produzir sua própria revista impressa, com total autonomia na escolha de temas. O trabalho é realizado em duplas que não necessariamente tenham como meta uma carreira jornalística. Embora a versão impressa e a digital da publicação tenham sido o resultado mais frequente, até 2012, quando saiu a primeira tiragem do livro, foram produzidos, ainda, programas de rádio e de TV, documentários, ensaios fotográficos, fanzines e diversos projetos on-line.

Pano de fundo conceitual

Alexandre Sayad é, também, jornalista de O Estado de S. Paulo e fundador do Media Education Lab (MEL), uma iniciativa da sociedade civil que busca transformar a educação, lançando mão não apenas de parcerias mas, também, de muita criatividade. Para ele, existe uma grande defasagem entre o padrão clássico do ambiente escolar e a velocidade das mudanças sociais, especialmente no que diz respeito à maneira com que as pessoas se comunicam. Em outras palavras, significa dizer que o que está se modificando, nos últimos tempos, na realidade, é a própria cultura, e que não cabe mais desprezar as plataformas interativas e colaborativas – até então inéditas na história da produção do conhecimento – na concepção de uma pedagogia inovadora.

IM300Sayad critica a resistência dos estabelecimentos de ensino em utilizar as redes sociais como instrumento de atração dos jovens, bem como o universo educativo que lança mão da tecnologia de forma burocrática, negando a professores e alunos não apenas autonomia, mas o sagrado direito de expressão. Quanto à constatação de que a tecnologia impacta nossos modelos mentais, ou seja, a maneira como pensamos e processamos as informações, o professor identifica uma série de ganhos em relação ao contexto educacional: maior noção de responsabilidade para o aluno, mais agilidade na execução de tarefas, o despertar do senso de bom uso da comunicação, o protagonismo na busca por soluções e até mesmo uma maneira de enxergar, sem conformismo, os desafios da vida.

O educador alerta, ainda, que as necessidades mais prementes do panorama atual passam por reciclar o currículo escolar tradicional, na maioria das vezes desligado do cotidiano e sem apelo, ao mesmo tempo que se possa buscar atribuição de sentido para as disciplinas, ao relacioná-las com as vivências cotidianas.

Coordenador do Idade Mídia no Colégio Bandeirantes, Alexandre Sayad divide as responsabilidades do projeto com Marina Consolmagno, professora de História da instituição, e tem planos para o futuro próximo, como revela nesta entrevista exclusiva para o Portal MultiRio.

Portal MultiRio – Embora a interlocução do projeto, em primeira instância, seja com a própria comunidade escolar, como o senhor se sente em relação ao número de participantes – apenas 25 por ano – o que ainda é bem baixo, se comparado ao universo do alunado?

Alexandre Sayad – Essa é uma grande questão. Coloco como meta, no prazo máximo de um ano, o desenvolvimento de um trabalho on-line. Já estou pesquisando as possibilidades para produzirmos, também, uma versão do projeto via internet, de forma a poder aumentar substancialmente o número de participantes. No modelo atual, temos um encontro presencial por semana. Mas desde o lançamento do livro promovemos atividades para envolver uma gama mais extensa de estudantes, como workshops. Um deles prepara os alunos para cobrir a Feira de Ciências, produzindo um vídeo e um site. Outro workshop serve para fazer o registro da Interband, um evento esportivo, com participação de 40 escolas, promovido pelo Colégio Bandeirantes ao longo de um mês. Vejo como a grande solução para que este modelo presencial alcance o patamar de um modelo mais amplo, se desterritorializando para uma escala de maior abrangência. Penso que pode ser algum projeto híbrido, que mescle atividades a distância.

PM – É possível incluir alunos da rede pública no Idade Mídia, embora ele funcione numa escola particular?

AS – O Colégio Bandeirantes tem uma parceria com o Ismart (Instituto Social Motivar Apoiar e Reconhecer Talentos), que nos encaminha alunos de maior potencial. Esse percentual fica entre 20% e 30% dos alunos do nosso projeto. Como são bolsistas, eles chegam querendo aproveitar todas as oportunidades.

PM – Qual o diferencial do Idade Mídia, se hoje a grande maioria das escolas, públicas e privadas, têm também suas produções de jornais ou revistas impressas, rádio, audiovisual e blogs?

AS – O diferencial é uma preocupação para que a produção criada pelos jovens seja um projeto para a vida de cada um deles, não limitada ao universo da escola. Também porque o Idade Mídia não se restringe à comunicação, mas avança em direção ao empreendedorismo e à economia criativa, por exemplo. Por isso mesmo, nos referimos ao momento atual como a “era da criatividade”. Existe um estímulo constante para que o participante acredite na própria capacidade de realização. Pelo aumento da visibilidade, a publicação do livro deu um grande impulso ao projeto, o que só fez aumentar o interesse dos alunos.

Fonte: SAYAD, Alexandre Le Voci. Idade Mídia, a Comunicação Reinventada na Escola. São Paulo: Aleph, 2011.

 
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