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Cacique de Ramos e Cordão da Bola Preta
03 Fevereiro 2015 | Por Carla Araújo
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Bloco Cordão da Bola Preta Rio Branco - RJ - Fotos Walter MesquitaCom a tradição de levar multidões pelas ruas de todos os cantos da cidade, os blocos transformaram o carnaval do Rio de Janeiro em um espetáculo à parte. Sem cordões, sem ingressos, sem camisetas obrigatórias, o desfile das bandas e carros de som democratiza ainda mais a festa brasileira mais popular.

Em reconhecimento à importância dos blocos carnavalescos para a cidade do Rio, a Prefeitura declarou duas das principais agremiações Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial: o Cordão da Bola Preta e o Cacique de Ramos, que receberam o título por serem referências no carnaval.

O início da festa nas ruas

Uma das primeiras expressões carnavalescas registradas no Brasil foi o entrudo, no século XIX. A festa, de origem portuguesa, conquistou as camadas populares que, nas ruas, dançavam fantasiados e jogavam limões, farinha ou água uns nos outros. Já a alta sociedade começou a realizar os primeiros bailes por volta de 1840. Inspirados nos franceses, os encontros eram regados a muita bebida comida e ritmos tipicamente europeus, como a valsa, a quadrilha.

Com o passar das décadas, a folia se organizou e surgiram as grandes sociedades carnavalescas, os cordões e os ranchos. As grandes sociedades e os ranchos – semelhantes às atuais escolas de samba por seus desfiles organizados e temáticos, bem como por suas fantasias luxuosas e carros alegóricos – se diferenciavam pela influência: as primeiras tinham inspiração europeia, enquanto os ranchos contemplavam a cultura africana. O instrumental dos ranchos era composto de violões, cavaquinhos, flautas e clarinetas. Em 1899, Chiquinha Gonzaga escreveu a primeira marchinha composta especialmente para o carnaval: Ó abre alas. O ritmo passou a embalar o carnaval brasileiro, principalmente entre as décadas de 1920 e 1960, e faz sucesso até hoje. A série Rio de Música apresenta a história do gênero na matéria de estreia.

Embriões dos blocos de hoje em dia, os cordões apareceram no final do século XIX. Formados por grupos em fila, caminhando e dançando com seus apitos eram frequentados por pessoas comuns fantasiadas de palhaços, diabos, baianas, morcegos e índios. Entre os foliões, os cordões contavam com a figura do “Zé Pereira”. Esses personagens, os precursores do surdo de marcação usados até hoje pelas escolas de samba, se espalharam pelo Rio de Janeiro no século XIX.

cacique de ramos desfile domingo 2014Cacique de Ramos

Tendo como padroeiro São Sebastião, o bloco de Ramos foi fundado em 20 de janeiro de 1961 por três famílias: Félix do Nascimento, Oliveira e Aymoré. Com as cores preta, branca e detalhes em vermelho, o Cacique tem como base a defesa e o resgate da cultura do índio brasileiro.

A quadra da agremiação foi o ponto de partida da carreira de conhecidos sambistas, como Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Dudu Nobre e os grupos Fundo de Quintal e Molejo. Na década de 1970, Beth Carvalho se tornou madrinha do bloco e começou a gravar em conjunto com os músicos do subúrbio da região da Leopoldina. Com mais de 50 anos, o Cacique de Ramos continua arrastando foliões.

O Cordão da Bola Preta

A agremiação mais antiga ainda em atividade no carnaval carioca foi fundada em 1918 por Álvaro Gomes de Oliveira (Caveirinha), Francisco Brício Filho, Eugênio Ferreira, João Torres e os irmãos Jair, Joel e Arquimedes Guimarães Oliveira Roxo. O bloco foi nomeado por Caveirinha, que teve a ideia ao ver passar uma bela mulher trajando um vestido branco com bolinhas pretas.

caveirinha bola preta década de 1920A primeira sede do Cordão foi na Rua Bittencourt da Silva, no Centro, e lá ficou até 1949, quando se mudou para a Rua Treze de Maio, na Cinelândia. Desde 2010, a casa do Bola Preta é a Lapa, na Rua da Relação. A agremiação possui a tradição de desfilar sempre nas manhãs de sábado de carnaval, com bateria e trios elétricos, batendo recordes de público a cada ano.

Figuras ilustres que já passaram pelo Bola Preta: Elizeth Cardoso, Roberto Carlos, Alcione, Cauby Peixoto, Clara Nunes. Atualmente, o bloco tem Maria Rita como madrinha, Neguinho da Beija-Flor como padrinho e a atriz Leandra Leal como porta-estandarte.

 
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