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Ilustrador premiado de livro infantil fala de educação
05 Agosto 2014 | Por Larissa Altoé
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roger mellopequenoRoger Mello nasceu em Brasília em 1965, veio para o Rio estudar Design e mora na cidade até hoje. Versátil, escreve e ilustra livros como Meninos do Mangue, que, em 2002, recebeu da Câmara Brasileira do Livro dois prêmios Jabuti – de melhor ilustração e melhor livro juvenil – e da Fondation Espace Enfants (FEE), na Suíça, o grande prêmio internacional. Em 2014, a obra de Mello mereceu o que é considerado o maior reconhecimento para um ilustrador de livros infantis: o Prêmio Hans Christian Andersen. O anúncio aconteceu na Feira do Livro de Bolonha, na Itália, no início do ano, e a entrega da medalha de ouro será feita pela própria rainha da Dinamarca, na Cidade do México, em setembro.

“Ganhar o Hans Christian Andersen significou muito para mim. Primeiro, pelo prêmio em si, que é representado por um artista viajante, escritor experimentalista, que fazia ficção pela ficção. Depois, porque é dado pelo IBBY – International Board on Books for Young People, cuja fundadora era uma mulher visionária, que queria promover a paz no mundo pelo conhecimento do outro por meio da ficção.”

Para Roger, é positivo que o Brasil se afirme por meio de imagens. Antes, do hemisfério sul, apenas um ilustrador australiano havia sido contemplado. "Os estrangeiros têm interesse na gente. Precisamos mostrar nossos bichos, nossas plantas e também o lado urbano, enfim, nosso modo de ser.”meninos do mangue200

A paixão de Roger é a imagem narrativa e, como a maior parte dos livros ilustrados se destina ao público infantil, há anos ele vem se dedicando a esse nicho. No entanto, o artista adverte que não faz distinção de público quando cria: "Faço livro para mim, em primeiro lugar. Acho o maior desrespeito endereçar uma obra a um público específico. Não há tema tabu e a realidade não vem com filtro para a criança. A ficção não deve fazer concessão a nada. O livro é um companheiro e também um elemento dialógico. O leitor, de qualquer idade, tira suas próprias conclusões".

Quanto à faceta de escritor, ele diz que não estudou Letras, e sim Design, na ESDI – Escola de Desenho Industrial, da Uerj. "A arte tem a ver com processo, pesquisa. Gosto da região de fronteira entre gêneros artísticos, quando você não sabe direito se é texto ou imagem, como nas HQs, por exemplo."

Em relação ao trabalho desenvolvido nas escolas, Roger é só elogios para os professores, especialmente os de Educação Artística, e acredita que o caminho para despertar o gosto pela arte e pela literatura nos alunos é ter boas referências e uma cultura geral ampla. "O melhor é ver o máximo, ler muito e cultivar o gosto pelo cinema, e que os professores sejam, eles próprios, leitores. Eu diria também que é importante criar condições para que as crianças se expressem. É preciso ouvir, interagir, debater; dar liberdade total de pensamento, não estreitar a liberdade criativa. Isso faz com que o aluno apreenda melhor todas as outras matérias. Não tem certo e errado. Toda verdade na arte é parcial. Mondrian e Calder, por exemplo: ambos usavam as mesmas cores, no entanto, o primeiro usava a estática e o segundo, o movimento. Arte não é jogo, não depende de resultado, tudo é subjetivo."

Roger-Mello2Questionado sobre como motivar as crianças a ler e a escrever, ele sugere: "Ter livros como objeto cotidiano. A TV quase não mostra pessoas com livros no dia a dia. É um objeto apartado na nossa sociedade. A criança pequena fica fascinada com o livro. É um objeto interativo, visual e sedutor. Tudo nele, não só as ilustrações: a capa, a massa de texto. A imagem não se dissocia do conteúdo".

Atualmente, Roger Mello se dedica a um novo projeto, chamado Espinho de Arraia, que se passa na Amazônia. Desta vez, ele faz o texto e os desenhos. A obra mistura verdade, mentira e mistério; o meio ambiente tem o status de personagem e, como sempre, trata-se de um livro infantojuvenil para todas as idades.

 

 

 
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