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O mundo a gente inventa
18 Março 2014 | Por Larissa Altoé
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Bispo do_rosário_obras_2O que capacita uma pessoa a fazer arte? É preciso ter uma educação refinada para ser um artista? O sergipano Arthur Bispo do Rosário deixou uma produção e uma história de vida que mostram como o fazer artístico está fortemente ligado à sensibilidade.

Ele é hoje reconhecido como um dos mais importantes artistas contemporâneos brasileiros. Usava utensílios comuns, de uso cotidiano, como canecas de metal, botões, colheres, madeira, dando forma ao que chamava de “vitrinas”, como se quisesse mostrar a alguém que não nos conhecesse o que usamos para comer, beber, vestir, construir, celebrar.

O Manto da Apresentaçãoé sua obra mais lembrada. Para criá-la, Bispo do Rosário desfiou uniformes e lençóis da Colônia Juliano Moreira – o centro psiquiátrico onde viveu por 50 anos, entre idas e vindas. O Manto foi feito com o propósito de ser usado por ele na sua chegada ao céu. Traz bordados os seus referenciais: do lado de fora, imagens e textos de seu universo particular, do lado de dentro, nomes de pessoas queridas, escolhidas.

Manto de Apresentação interna_3

Além das justaposições de objetos e bordados, Bispo fez também estandartes, fardões, faixas de miss, fichários, entre outros. Sua obra é uma espécie de catalogação do mundo.

O artista por ele mesmo

Arthur Bispo do Rosário dizia que fazia o que as vozes que ouvia mandavam e explicava assim o trabalho: “Miniaturas que permitem a minha transformação, isso tudo é material existente na Terra dos homens. Minha missão é essa, conseguir isso que eu tenho, para no dia próximo eu representar a existência da Terra. É o significado da minha vida”.

O curador Frederico de Moraes tentou fazer uma exposição individual de Bispo enquanto ele era vivo, no Museu de Arte Moderna do Rio, mas, de acordo com Moraes, Bispo “recusava-se a se separar de qualquer uma das centenas de peças que atulhavam o exíguo espaço da cela em que vivia”. Depois de sua morte, em 1989, o curador organizou a primeira grande exposição da obra de Rosário na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Em 1995, esse acervo, junto com o de Nuno Ramos, representou o Brasil na Bienal de Veneza, na Itália; e, em 2012, participou da Bienal de São Paulo.

O que teria levado esse homem a sofrer de esquizofrenia paranoide? Sabe-se pouco de seu passado antes de começar a ter problemas mentais. Nasceu em Japaratuba, Sergipe, em 1909 (de acordo com documentos da Marinha) ou 1911 (atestado pela Light, onde trabalhou). Ganhou a vida como marinheiro, pugilista, lavador de ônibus e guarda-costas. Nas vésperas do Natal de 1938, foi internado no Hospital Nacional dos Alienados, na Praia Vermelha, após um delírio místico. No ano seguinte, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira.

Sem nenhuma formação artística ou contato com influências exteriores, seu trabalho seguia uma linha convergente ao que se discutia sobre arte contemporânea mundial. Bispo produzia em consonância com linhas da pop art e de Marcel Duchamp, por exemplo.

Atualmente, o acervo com 800 obras do artista pode ser visitado no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, em Jacarepaguá.

Serviço:
Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea
Estrada Rodrigues Caldas, 3400 – edifício-sede, Taquara, Jacarepaguá.
2ª a 6ª, das 10 às 17h
Tel.: 3432-2402
Site: museubispodorosario.com

 
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