Diogo Viegas é animador e ilustrador. Atualmente, trabalha como diretor de animação no estúdio 2DLab, participando das séries Quarto do Jobi (como animador, storyboarder e roteirista), Meu AmigãoZão (animador) e a mais recente série do Sítio do Picapau Amarelo (diretor de animação e design de personagens).
Além disso, já dirigiu e produziu diversos curtas animados, como W&C – Uma História de Amor (premiado no Festival Animarte 2003), O Diário da Terra (vencedor do Cine Ambiente 2010) e o premiado Josué e o Pé de Macaxeira, responsável por um total de 14 prêmios, incluindo um do Júri Popular do Anima Mundi no Rio de Janeiro, três no Festival de Gramado e um Silver Children Award, em Sapporo (Japão). Seu mais recente trabalho, O Rei Gastão, venceu o Cine Ambiente 2011 e o Prêmio Anima Mundi – Carlos Saldanha 2012, além de ser indicado ao tradicional Festival de Cinema de Animação de Annecy 2013 (França).
MULTIRIO – Como e quando você descobriu o universo cinematográfico?
Diogo Viegas – Não sei especificar. Cinema e televisão sempre estiveram presentes enquanto crescia. Sempre fui muito influenciado por eles, principalmente pelas animações clássicas, que, apesar de vermos na TV, foram originalmente feitas para cinema. Curtas da Disney (Mickey, Pateta e Donald), Warner Bros (Pernalonga, Patolino e Coiote) e MGM (Tom & Jerry, Droopy). Adorava ver e rever essas animações e, mesmo sem saber, já estava aprendendo a contar histórias.
MULTIRIO – Qual foi o ponto de partida para você começar a fazer parte desse mundo?
DV – Sempre desenhei, desde muito pequeno, mas nunca focando em trabalhar com animação. Mesmo gostando e vendo de tudo nessa mídia. Contudo, quando eu tinha 17 anos, ainda no colégio, houve uma virada e acabei entrando da melhor maneira possível no mundo da animação. Um professor me viu desenhando para um evento do colégio. Ele me indicou para visitar um parente que tinha um estúdio de animação e estava precisando de estagiário. Essa pessoa era César Coelho, sócio do estúdio Campo 4 e um dos diretores do Anima Mundi. Ele gostou dos meus desenhos e me convidou para trabalhar em seu estúdio. Foi uma experiência única. Além do César e sua sócia Aída serem ótimas pessoas, possuíam um grande conhecimento da área e da técnica de animação. Aprendi muito com eles e com os outros animadores. Estudava de manhã no colégio e estudava/trabalhava à tarde no estúdio. Foi o meu ponto de partida profissional.
MULTIRIO – Conte-nos um pouco sobre sua obra.
DV – Gosto muito de animação 2D tradicional. Meus curtas são todos nesta técnica, apesar de saber animar em outras ferramentas como o Cut-Out, por exemplo. Mas a animação tradicional é a que mais me dá prazer de fazer e explorar, principalmente com os avanços tecnológicos que vivemos diariamente. Quanto a estilo, busco sempre diversificar. Gosto de criar designs específicos que combinem com cada tipo de história que devo contar. Acredito que o visual tem que acrescentar e combinar com o conteúdo a ser mostrado. Afinal, animação é uma arte visual que me desafia a explorar, dar vida a formas irreais.
MULTIRIO – Como está, hoje, o setor de animação no Brasil?
DV – Anda crescendo a passos largos. Mas estamos com falta de profissionais qualificados. Pela primeira vez temos mais trabalho do que animadores. No 2DLab, o estúdio em que trabalho como diretor de animação atualmente, tivemos que treinar pessoas para ocupar as mais de 30 vagas de animadores que abrimos neste ano.
MULTIRIO – Qual sua opinião a respeito dos festivais?
DV – A possibilidade de expor seu material na internet não substitui a presença no festival. São importantes eventos para veicularmos nossos trabalhos autorais e conhecermos outros criadores. Foi por meio deles que consegui "espalhar" meus curtas em lugares que nunca havia imaginado e conhecer pessoas com trabalhos fantásticos. Acredito que, com a popularização dos formatos digitais, os festivais vão ficar cada vez melhores e mais práticos de serem organizados. Principalmente para quem quer participar.
MULTIRIO – Você acredita que a animação pode ser usada como ferramenta na educação? Como?
DV – Sim, como já vem sendo usada há muito tempo. Uma informação passada através de uma animação tem um atrativo muito maior que qualquer outro formato, independentemente da idade do espectador. Assim, podemos educar e entreter ao mesmo tempo.
Confira também a participação de Diogo Viegas no programa Tela Aberta.