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Art déco no Rio de Janeiro
01 Outubro 2015 | Por Sandra Machado
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vitralParis, Miami, Rio de Janeiro. A arquitetura de três das mais charmosas cidades do mundo tem, em comum, uma forte influência da estética art déco. O padrão se estende, também, para os domínios da decoração e do mobiliário, da moda e das artes plásticas, do design e das artes gráficas, do cinema e da publicidade. Com identidade visual marcada por motivos geométricos e pelas formas aerodinâmicas, o movimento incorporou influências nativistas – das mais diversas culturas antigas, como egípcia, hindu, grega, oriental, maia, asteca e mesmo das tribos norte-americanas. No Brasil, o art déco se apropriou dos elementos indigenistas da arte marajoara, bem como dos traçados das tribos tupis e guaranis, entre outras.

Triunfo da tecnologia industrial sobre a produção artesanal

Nos primeiros anos após o seu surgimento, o art déco infundia uma grande carga de modernidade, com sua estética de linhas arrojadas, justamente porque, para além da elegância das formas, tinha aquele aspecto de produção mecânica, que contrastava com tudo o que se conhecia até então, em termos de busca da beleza concebida pela mente humana. Embora trabalhos avulsos já viessem sendo feitos desde a segunda metade da década de 1910, foi no período entre guerras, no ano de 1925, que o art déco atingiu seu ápice, com a realização, em Paris, da Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, de onde se origina o batismo do estilo, com a contração da expressão francesa arts décoratifs.

SuburbioEm nome do bom gosto acima de tudo – e chamado, à época, de estilo moderno – o art déco originalmente visava o público consumidor do mercado de luxo, já que os materiais nobres utilizados na confecção das peças – como jade, laca, prata, bronze, mármore e marfim – tinham alto custo. No entanto, a partir de uma exposição promovida no Metropolitan Museum de Nova York, em 1934, o estilo ganhou características de mecanização, passando a adotar matérias-primas compatíveis com a demanda de massa, e ficou voltado para um público ávido por uma revigorante lufada de reinvenção modernizadora do cotidiano. Arrojo e releitura dão o tom do art déco. Mas é a sua terceira característica, entretanto, que fala mais alto ao espírito do brasileiro – e do carioca, em especial: a celebração da alegria de viver.

Estilo aportou na Baía de Guanabara

cartazComo tudo de mais importante para a cidade, o art déco também chegou ao Rio de Janeiro pelo mar. Entre as décadas de 1920 e de 1950, o Rio estava na rota de passagem de transatlânticos vindos da Itália, Alemanha, Inglaterra, Holanda e, sobretudo, da França. Por sua rica decoração de interiores, esses navios equivaliam a verdadeiras exposições de arte abertas a quem se dispusesse a pagar pelos chamados “passes de visitação”. Assim, era possível assistir aos espetáculos da programação, comer nos restaurantes e até fazer compras nas lojas de bordo, viajando sem sair do lugar.

Entre um sem-número de naves mágicas, um nome se destacava: o Normandie, que atracou no píer da Praça Mauá para o carnaval, por dois anos seguidos – 1938 e 1939. As guerras mundiais na Europa tinham feito com que os turistas norte-americanos passassem a escolher destinos alternativos, e os ingressos para os bailes do Copacabana Palace e do Theatro Municipal, incluídos no preço da passagem, funcionavam como um atrativo e tanto. E foi num jantar dentro do mais luxuoso dos navios decorados em art déco, na derradeira viagem da embarcação ao Rio, que Carmen Miranda assinou com o empresário Lee Schubert o contrato que a levaria para trabalhar nos Estados Unidos, inaugurando a fase internacional da carreira da “Brazilian Bombshell”.

Art déco à carioca

itahyDe ponta a ponta, a cidade do Rio de Janeiro apresenta traços do estilo. Muito embora a população não se dê conta disso, há vestígios de art déco não apenas no Cristo Redentor, monumento eleito como uma das sete maravilhas do mundo moderno, mas em construções pelas quais passamos de vez em quando, a maioria localizada no Centro, mas também nos prédios residenciais na Zona Sul e mesmo em fachadas das casas dos subúrbios. De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Art Déco Brasil, a herança do padrão francês está presente em cerca de 400 imóveis do perímetro urbano. Os indícios aparecem em vitrais, escadarias, calçamentos, letreiros, luminárias e mais uma longa série de elementos.

Alguns exemplares são emblemáticos, como o primeiro prédio construído na cidade: o Edifício A Noite (1929), com 22 andares, que fica na Praça Mauá. Outros espaços importantes são o Teatro Carlos Gomes (1932), o Edifício Mesbla (1934), a Associação Comercial do Rio de Janeiro (1937), o cinema Roxy (1938), o Tribunal Regional do Trabalho (1938), o Palácio Duque de Caxias (1942), a Estação Central do Brasil e o Palácio da Fazenda (ambos de 1943).

O resgate dos temas indígenas, proposto pela Semana de Arte Moderna de 1922, influenciou tremendamente o movimento art déco no que diz respeito aos prédios de apartamentos, sobretudo os que se concentram na região do Lido, em Copacabana. Como o Itaoca (1928) ou os edifícios Itahy e Guahy (1932).

O Circuito Art Déco das placas azuis do Patrimônio Cultural Carioca inclui alguns dos mais belos exemplos: o Edifício Brasília, na Avenida Presidente Wilson; monumentos, como ao Marechal Deodoro da Fonseca, na Praça Paris; e o Chafariz da Mulher com Ânfora, no Centro.

O símbolo maior do Cristo Redentor

art deco homeA iniciativa pela construção da estátua, inaugurada em 12 de outubro de 1931, começou dez anos antes, quando Dom Sebastião Leme lançou a Semana do Monumento, com o propósito de arrecadar fundos com a população para custear a obra monumental. Com projeto do engenheiro Heitor da Silva Costa e desenhos do artista plástico Carlos Oswald, o Cristo teve as mãos e o rosto moldados na França pelo escultor Paul Landowski, com todas as angulações geométricas do art déco.

Embora não seja possível ver à distância, a escultura de 30 metros de altura e mais de mil toneladas de concreto armado é toda revestida de pequeninos pedaços de pedra-sabão, que formam um mosaico multifacetado e sofisticado, como a própria natureza do estilo que a define.

Fontes: Site Art Déco Brasil e Enciclopédia Itaú Cultural

 
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