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Quando o autor é também o ilustrador
25 Agosto 2015 | Por Sandra Machado
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marilia kleinFormada em Publicidade e Propaganda, Marilia Pirillo produziu as primeiras ilustrações para obras literárias há 20 anos e, hoje, tem mais de 50 livros publicados com seus desenhos, além de nove títulos como escritora. Atual diretora executiva da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (Aeilij), ela falou ao Portal MultiRio sobre as especificidades do segmento.

Portal MultiRio – Qual o maior desafio para o ilustrador, na hora de produzir um livro infantil?

Marília Pirillo – Além de torná-lo atrativo e envolvente (funções intrínsecas das ilustrações), é criar uma sequência de imagens que colaborem para uma boa leitura da história. Não apenas conduzindo o olhar, marcando passagens, transmitindo informações, mas – e este é o maior desafio – dando dinamismo à narrativa e, algumas vezes, criando imagens que multiplicam as possibilidades de leitura e interpretação do texto.

PM – Como se desenrola o trabalho? O projeto gráfico é desenvolvido antes, durante ou após a redação do texto?

MP – Não existe uma maneira única de trabalhar, mas, em geral, o texto é o ponto de partida. A partir dele, o editor começará a pensá-lo como objeto “livro”: a que público se destina; se será um volume único, independente; ou se fará parte de uma coleção ou selo da editora, etc. Decididos esses parâmetros, o designer gráfico, responsável pelo projeto gráfico, irá elaborar a “cara” do livro: escolha das fontes (tipo e tamanho das letras para o título, corpo do texto, numeração de páginas), tipo de papel, formato, número de páginas e recursos gráficos, como capa dura, orelhas, relevo, dobras, cores especiais, entre outros. Definidos esses parâmetros, o texto, já dividido em páginas, segue para o ilustrador com o espaço da imagem previamente delimitado. Esse é um dos caminhos possíveis, mas também existem os casos em que o texto já nasce junto com a imagem, algumas vezes sendo o escritor e o ilustrador o mesmo profissional, e outros casos em que o ilustrador é o designer gráfico, e a ele cabem as decisões acima citadas.

PM – Existe algum diferencial quando o livro em questão é uma biografia?

MP – As biografias, independentemente da faixa etária a que se destinam, pressupõem um trabalho prévio de pesquisa por parte do escritor e posterior inserção de informações factuais no livro. Essas informações podem estar não somente no texto, mas nas imagens, sejam fotos ou ilustrações, que auxiliam a história, retratam o contexto histórico, objetos, roupas, cenários, documentos... O projeto gráfico deve contemplar a melhor maneira de inseri-las.

PM – Existe algum traço distintivo das biografias para o segmento infantil, se comparadas a outros gêneros, de caráter mais ficcional?

MP – Não vejo as biografias destinadas ao público infantil como um gênero literário à parte; vejo-as como obras literárias que, por natureza, serão sempre ficcionais, ainda que tenham como embasamento a pesquisa e coleta de informações factuais. Essas servirão de pilar para a construção de uma boa história, com cenas, personagens e diálogos fictícios envolventes tão necessários para despertar o interesse do público infantil.

PM – Por que se fala tão pouco das biografias destinadas ao público infantojuvenil?

MP – Penso que pesa sobre as biografias destinadas a esse público um certo preconceito, ao serem classificadas como literatura paradidática. Ou seja, aquela que se destina ao uso em escolas, como material de apoio em pesquisas, e que tem como objetivo primeiro ensinar, colocando até mesmo em dúvida seu caráter literário. Assim, as biografias destinadas aos pequenos leitores estariam num mercado à parte, cujo consumo já está definido (as instituições de ensino) e que, portanto, não necessitam de divulgação e distribuição fora deste âmbito. Acredito que, por isso, se ouve falar tão pouco sobre elas.

 
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