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Maria Quitéria, primeira soldada e heroína da Independência
27 Julho 2020 | Por Fernanda Fernandes
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Retrato feito por Augustus Earle e colorido à mão por Edward Francis Finden, 1830 (Imagem: Anne S.K. Brown Military Collection - Brown University Library)

Apesar de Dom Pedro I ter declarado a Independência do Brasil no dia 7 de setembro de 1822, tropas portuguesas seguiram ocupando e atacando terras brasileiras. Após muitas batalhas, os lusitanos foram expulsos definitivamente no dia 2 julho de 1823, data em que é celebrada a Independência da Bahia. Nesses embates em terras baianas, uma figura se destacou: a de Maria Quitéria de Jesus Medeiros.

Nascida em 27 de julho de 1792, em São José das Itapororocas, atual município de Feira de Santana (Bahia), Maria Quitéria fugiu de casa, disfarçou-se de homem e lutou contra os portugueses, numa época em que às mulheres era esperado  apenas obedecer ao pai ou ao marido e cuidar da casa e dos filhos.

Sua coragem e as habilidades demonstradas nos campos de batalha fizeram dela, não apenas a primeira mulher soldado do Exército brasileiro, mas uma heroína da Independência da Bahia e do Brasil.

Morreu aos 61 anos, sem gozar do reconhecimento ou do prestígio da francesa Joana D´Arc, por exemplo, a quem costuma ser comparada. Em 1996, por decreto presidencial, recebeu o título de Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército.

Quem foi Maria Quitéria

Filha primogênita de Gonçalves Alves de Almeida e de Quitéria Maria de Jesus, Maria Quitéria perdeu a mãe aos 10 anos, assumindo desde cedo a casa e o cuidado de seus dois irmãos.

Não chegou a frequentar escolas. Naquela época, as jovens sertanejas aprendiam apenas a cozinhar e cuidar da casa, sendo poucas as que sabiam ler e escrever. Desde cedo, no entanto, a menina demonstrava aptidão para usar armas de fogo e habilidade para a caça e para a montaria.

Em fevereiro de 1822, com o início de batalhas pela Independência na Bahia, em resistência à dominação portuguesa, buscavam-se voluntários para integrar as tropas brasileiras. Maria Quitéria, então, pediu autorização ao pai para, disfarçada, lutar em defesa da Pátria. Ele negou prontamente, dizendo que “mulheres fiam, tecem e bordam; não vão à guerra”.

A filha, porém, desobedeceu-lhe. Fugiu para a casa de uma irmã, cortou o cabelo, vestiu as roupas do cunhado, José Cordeiro de Medeiros, e apresentou-se ao Regimento de Artilharia como Soldado Medeiros.

Dias depois, foi descoberta pelo pai, que solicitou sua retirada do batalhão. O comandante, no entanto, não quis perder a habilidosa combatente. Aos 30 anos, Maria Quitéria tornava-se a primeira mulher a entrar em combate pelo Brasil. Lutou e triunfou em diversas batalhas, conquistou o respeito dos companheiros e influenciou outras mulheres, formando e liderando um grupo feminino.

Reconhecimento e homenagens

Em 2018, nome de Maria Quitéria foi inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria (Imagem: Augustus Earle/ Rex Nan Kivell Collection - National Library of Australia)

Em 2 de julho de 1823, quando foi celebrada a expulsão definitiva dos portugueses, em data que marca Independência da Bahia, Maria Quitéria marchou com o batalhão, sendo saudada e homenageada pela população.

Depois, embarcou para o Rio de Janeiro, onde foi recebida por Dom Pedro I e recebeu o título de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro, em reconhecimento à bravura e à coragem com que lutara contra os inimigos da Pátria. Atendendo a uma solicitação de Maria Quitéria, o imperador fez uma carta pedindo que Gonçalo perdoasse a desobediência da filha.

Quando retornou a sua cidade natal, foi recebida com grande alegria pela família e pelos amigos, que queriam ouvir sobre seus feitos e suas histórias de batalhas. Casou-se com o antigo namorado, Gabriel Pereira de Brito, com quem teve uma filha, Luísa Maria da Conceição.

Após o falecimento do pai e, depois, do marido, Maria Quitéria foi viver em Salvador com a filha. Lá, morreu no anonimato, vítima de uma inflamação no fígado, em 21 de agosto de 1853, aos 61 anos.

Maria Quitéria de Jesus foi reconhecida como Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro em 1996 e, no ano do centenário de sua morte, o então Ministro da Guerra determinou que seu retrato estivesse presente em todos os estabelecimentos, repartições e unidades do Exército. Em 2018, seu nome foi inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que fica no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

 

 

Fontes:
Site do Exército Brasileiro. Cadete Maria Quitéria – Quadro Complementar de Oficiais.
Blog da Biblioteca Nacional. FBN | 21 de agosto de 1853, morre Maria Quitéria.
GALENO, Henriqueta. Maria Quitéria de Jesus, heroína brasileira. Revista da Academia Cearense de Letras, 1954.
VERARDI, Cláudia Albuquerque. Maria Quitéria: primeira mulher do Exército Brasileiro e heroína da Independência do Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.
Maria Quitéria. Resgate da Memória, n.º 2, julho de 2014.
COELHO, Raphael Pavão Rodrigues. A memória de uma heroína: a construção do mito de Maria Quitéria pelo Exército brasileiro. Niterói, 2019.

 
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