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E.M. Adlai Stevenson: "uma escola que estuda"
03 Maio 2017 | Por Márcia Pimentel
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Construída na década de 1960 para atender os filhos dos moradores do Conjunto IAPC de Irajá, a E.M. Adlai Stevenson atrai, hoje, crianças de vários bairros. Foto Alberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

A E.M. Adlai Stevenson (5ª CRE) fica em Irajá, mas boa parte de seus alunos mora em bairros ou comunidades distantes e até mesmo em cidades próximas, da Baixada Fluminense. O motivo disso? O conceito de ensino de qualidade que a unidade tem construído desde sua fundação, na década de 1960, tem feito pais de várias localidades buscarem a escola que, nas últimas provas do IdeRio e do Ideb, conquistou a quarta melhor média (7,4) do primeiro segmento da Rede Municipal do Rio.

Outra característica da unidade é a quantidade de ex-alunos que trabalham lá. A diretora Adelina Magaldi, por exemplo, estudou na Adlai junto com os irmãos. Vários professores também. A continuidade das gerações familiares, no corpo docente e discente, cria vínculos afetivos que se constituem em uma das chaves do sucesso da escola. E, pelo visto, essa história não vai mudar tão cedo, porque vários professores têm filhos matriculados lá.

“Essa característica permite que haja uma sequência de trabalho baseado na ordem”, diz a diretora. A ordem, explica a coordenadora pedagógica Paula Santos, se concretiza na sistematização do planejamento e na execução das ações pedagógicas. “Isso requer organização. Tanto da parte da direção e da coordenação, como da parte dos professores, que precisam cumprir os objetivos e as metas dos projetos elaborados, porque é isso que dá rumo à escola”, afirma. “E quem não cumpre, ou discorda da nossa linha de trabalho, não consegue ficar aqui por mais de dois anos. Pede para sair”, completa Adelina.

O pulo do gato

A E.M. Adlai Stevenson investe em uma linha pedagógica socioconstrutivista e a diretora protesta contra quem pensa que o método seja uma bagunça: “Mesmo na época da aprovação automática, nunca deixamos de avaliar o aluno e sempre deixamos os pais cientes do nível de aprendizagem de seus filhos. Aqui, nós somos comprometidos e envolvidos com o trabalho. Chegamos às sete da manhã e não temos hora para sair”.

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Alguns dos livros que inspiram a orientação pedagógica e as atividades de Centro de Estudos da escola. Foto Alberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

O projeto político-pedagógico – Valorizando a Vida Através do Conhecimento – reflete a linha escolhida e foi construído junto com a professora da Uerj Amélia Escotto do Amaral Ribeiro, autora de vários livros e artigos sobre Educação. A adequação dos profissionais ao projeto é feita não só por meio do planejamento e acompanhamento do trabalho desenvolvido em sala de aula, mas também pelo investimento na formação do professor. “Esse é o nosso pulo do gato. Somos uma escola que estuda”, define a coordenadora pedagógica.

A formação é feita dentro do calendário estabelecido pela Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Lazer (SMEEL), durante a atividade de Centro de Estudos (CE), momento em se debate com os professores livros e artigos relacionados ao letramento e à psicogênese da língua escrita. “Não ficamos apenas na parte teórica. Também analisamos propostas de exercícios. Damos exemplos de atividades que não funcionam a contento e de atividades que, realmente, geram reflexão na língua escrita e levam o aluno a ser sujeito da leitura”, explica Paula, que acredita ser a formação do professor o caminho mais eficiente para conquistar a excelência no ensino. “Levamos esse momento a sério e gostaríamos muito que o CE fosse contemplado mais vezes pelo calendário da Secretaria”, reivindica a diretora.

Recursos pedagógicos

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Da esquerda para a direita, a coordenadora pedagógica Paula Santos, a diretora Adelina Magaldi e a adjunta Mara Céu Vedovi. Foto Alberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

A E.M. Adlai Stevenson tem 486 alunos e, embora adote uma linha educacional específica, utiliza o Caderno Pedagógico fornecido pela SMEEL em todas as turmas – do 1º ao 6º ano experimental. “Achamos um recurso interessante. Equívoco seria pensarmos que ele esgota todas as possibilidades”, opina Paula Santos.

O projeto interdisciplinar Arte por Toda Parte, que vem sendo desenvolvido esse ano, é um dos recursos “extras” utilizados pela escola. Além de ampliar o universo cultural dos alunos e mostrar a importância da diversidade, também atravessa a grade curricular. Estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, por exemplo, foram até lá fazer uma exposição sobre a arte arquitetônica. Logo os alunos perceberam suas conexões com a matemática e a geometria. No campo da literatura, as leituras compartilhadas, as intervenções poéticas e outras atividades ajudam a desenvolver as habilidades da escrita e a formar leitores.

Fazer o aluno entender a importância da escrita vem sendo um dos focos do trabalho da escola, que, esse ano, diagnosticou uma dificuldade das turmas no domínio das competências e habilidades linguísticas. Para isso, tem investido esforços no letramento e na reflexão e função social do texto.

Cognição e afeto

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A professora Ana Lídia Saldanha e sua turma do 6º ano experimental. Foto Alberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

A professora do 6º ano experimental Lídia Saldanha dá aula na escola há 22 anos e é uma das entusiastas do método de ensino da escola – seus dois filhos, hoje universitários, estudaram lá. Para ela, o grande trunfo de seu trabalho é a paixão que investe nas aulas: “É isso o que contagia os alunos. O professor precisa perceber que, na aprendizagem, não está em jogo apenas o cognitivo, mas também o afetivo. A partir do afeto, se consegue tudo”.

A cumplicidade criada entre aluno e professor não significa que todos tenham o mesmo ritmo de aprendizagem. Ela então elege monitores para tirar as dúvidas de quem ainda não entendeu a matéria. Os monitores, contudo, não são fixos. A estratégia de Lídia é criar uma dinâmica que valorize a diversidade de habilidades dos alunos. “Escolho aqueles que foram destaque na semana. E o critério não se limita à parte cognitiva. Posso escolher um monitor porque ele se revelou um grande cavalheiro”, explica.

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Vulcões. Maquetes feitas pelos alunos da professora Ana Lídia. Foto Alberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

As estratégias de Lídia não param por aí. Todas as terças-feiras, ela promove uma atividade chamada Caixa do Desafio, para estimular as habilidades dos alunos. O resultado dessa e de outras abordagens é “uma turma que vive de braço levantado” – tanto para se posicionar como para tirar as dúvidas.

A professora também conta que a tática de monitores rotativos leva os alunos a ganharem responsabilidade com os estudos. Noutro dia, uma aluna disse: “Tia, como monitora preciso ligar para a mãe de fulano para avisar que ele está muito relapso”, contou Lídia.

Mas, se mesmo com todas as estratégias de Lídia e dos demais professores, alguns alunos ainda continuarem com dificuldade em desenvolver certas habilidades, a escola promove aulas de reforço com uma abordagem diferente da que foi dada em sala de aula.

 
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