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A Missão Artística Austro-Alemã

As viagens de cientistas, artistas e estudiosos tiveram um grande estímulo a partir de 1817, com o casamento da princesa Leopoldina, filha do ex-imperador da Alemanha e então imperador da Áustria, com D. Pedro, o herdeiro da Coroa portuguesa e futuro imperador do Brasil.

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O grande interesse de D. Leopoldina pelas ciências naturais e pelas artes fez com que, em seu séquito, viesse uma enorme missão de cientistas e artistas europeus para explorar esse país desconhecido.

Nela vieram o médico e botânico Von Martius e o zoólogo Von Spix, ambos alemães. Até 1818 estudaram a natureza das vizinhanças da Corte, quando iniciaram sua grande expedição, dirigindo-se a São Paulo, de onde seguiram viagem para Minas Gerais. Estiveram em Ouro Preto e Diamantina, alcançando o rio São Francisco e, pelas suas margens chegaram à Bahia, onde embrenharam-se pelo sertão baiano, indo de lá para a zona das secas de Pernambuco, Piauí e Maranhão. Pegaram um navio em São Luís e foram para Belém do Pará, chegando lá em meados de 1819. De Belém subiram o rio Amazonas até o Solimões, onde se separaram. Spix seguiu viagem pelo Amazonas até os limites do Peru, enquanto Martius seguia o rio Japurá, até a fronteira com a Colômbia. Reencontraram-se no rio Negro para navegar pelo rio Madeira acima. Voltaram para o seu país em junho de 1820, após três anos de abundantes pesquisas e muitos riscos, durante os quais percorreram uma extensão de cerca de 10 mil km.

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De acordo com Sérgio Buarque de Holanda, "conseguiram reunir 6.500 variedades da flora, 85 espécies de mamíferos, 350 de aves, 130 de anfíbios, 146 de peixes e 2.700 insetos." Na Alemanha publicaram a obra " Viagem pelo Brasil," em três volumes, que é considerada fonte de referência obrigatória para os estudos do Brasil da época.

Na comitiva da princesa veio, também, o pintor austríaco Thomas Ender, que viajou pelo interior do Brasil, retratando paisagens e cenas da vida do povo, em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Deixou mais de 800 desenhos e aquarelas, entre as quais uma aquarela pintada em 1817, que retrata a própria viagem de seu grupo pelo Brasil, intitulada " Cientistas da Missão Austríaca e tropa atravessando a floresta da Serra do Mar a caminho de São Paulo."

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    Os Viajantes e o Redescobrimento do Brasil