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A Missão Artística Francesa

A queda de Napoleão vai propiciar a retomada dos laços culturais entre a França e Portugal. A convite da Corte portuguesa veio ao Rio a Missão Artística Francesa, chefiada por Joaquim Lebreton, e composta por um grupo de artistas plásticos. Dela faziam parte os pintores Jean-Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay, os escultores Auguste Marie Taunay, Marc e Zéphirin Ferrez e o arquiteto Grandjean de Montigny. Esse grupo organizou, a partir de agosto de 1816, a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, transformada, em 1826, na Imperial Academia e Escola de Belas-Artes.

Durante os cinco anos em que aqui permaneceu Taunay, o pintor, produziu cerca de trinta paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas. Entre elas está "Morro de Santo Antônio em 1816", que compõe o acervo do Museu Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro.

Debret, por sua vez, realizou no Brasil uma imensa obra . Fez vários retratos da família real, aquarelas e desenhos sobre o cotidiano da cidade, retratando as atividades dos escravos, dos grupos indígenas e, também, sobre os fatos da vida da Corte. Pintou cenários para o Teatro São João (atual João Caetano) e realizou trabalhos de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro, para festas públicas e oficiais, como a aclamação do rei D. João VI. Além disso, foi professor de pintura histórica na Academia de Belas-Artes criada por D. João, tendo permanecido no Brasil durante quinze anos. Um de seus trabalhos mais conhecidos é o livro " Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil," publicado em três volumes. Nele Debret assim retrata o mulato brasileiro:

"É o mulato no Rio de Janeiro, o homem cuja organização pode ser considerada mais robusta: esse indígena, semi-africano, dono de um temperamento em harmonia com o clima, resiste ao grande calor. Ele tem mais energia que o negro e a parcela de inteligência que lhe vem da raça branca serve-lhe para orientar mais racionalmente as vantagens físicas e morais que o colocam acima do negro. É naturalmente presunçoso e libidinoso, e também é irascível e rancoroso, oprimido, por causa da cor, pela raça branca que o despreza e pela negra que detesta a superioridade de que ele se prevalece."

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No campo da arquitetura, a Missão Francesa desenvolveu aqui o estilo neoclássico, abandonando os princípios barrocos. O principal responsável por essa mudança foi o arquiteto Grandjean de Montigny, autor do projeto do prédio da Academia de Belas-Artes, construído em 1826, da Casa da Moeda (atual Casa França - Brasil) e do Solar da Baronesa, situado onde é hoje o campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, entre outros.

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    Os Viajantes e o Redescobrimento do Brasil