Refletindo sobre temas tão presentes na escola, a intolerância nas ações do cotidiano se expressam a todo momento, assim como endurecimento das demonstrações de afeto entre seus pares e o julgamento de suas práticas afetivas deixam a escola menos amorosa, mais intolerante e sem empatia. Propusemos a reflexão sobre o quanto temos gasto energia com medidas punitivas, ao invés de propor ações que encham os alunos de empatia e respeito.
É um “bom dia” que não é dado, ou se dado, é ignorado, um riso velado ou escancarado do outro, ignorar ações do outro na tentativa de minimizar impactos emocionais e etc. E cada vez mais a escola se distancia do seu olhar afetivo e amoroso, deixando de ser um lugar de acolhida e afeto.
O processo de aprendizagem passa pela afetividade e a escola necessita de uma pedagogia afetiva, que leve a reflexão sobre como nossas ações podem impactar de forma sofrida e negativa no outro. A proposta do trabalho se dá através da prática contínua de ações afetivas que deixem o outro num lugar constante de acolhimento.
Através das Rodas de Conversas, utilizando a escuta ativa e afetiva, para que todos pudessem falar sem se sentirem julgados ou punidos, procurando refletir sempre em como o outro se sente, o que eu falo leva o outro a estar feliz ou infeliz? Podendo se abrir e dizer para o outro como se sentia ao ouvir aquilo que não desejava ouvir. E a partir daí propor o exercício de olhar para o meu colega e ver que antes de mais nada há algo bom nele! E que coisas boas precisam ser ditas ao próximo, além de olhar pra si próprio e reconhecer que há muito de bom em cada de um nós.
Ao final da Roda de Conversa, propusemos que cada um colocasse seu nome em um papel e que ao serem misturados, cada aluno receberia um papel com o nome de um colega e deveria colocar no papel algo bom sobre aquele colega da classe. Alguns eram amigos mais próximos e era mais fácil tecer coisas boas, outros eram mais distantes, mas ainda assim era possível ver coisas boas. Ao final, eles entregavam a mensagem e naturalmente se abraçavam, ficavam ansiosos para ler o que o outro tinha visto de bom nele. Como um elogio pode mudar a expressão de um aluno, pode fazê-lo feliz e querido. Buscando criar uma rotina de respeito e afetividade.
As atividades foram feitas com turmas de 3º e 4º anos do fundamental I e alunos do fundamental II. E mesmo com faixas etárias diversas, o comportamento se repetiu, principalmente na dificuldade de achar algo bom em si próprio e no outro.
Trata-se de um trabalho contínuo, um exercício diário de multiplicação de afeto. Propomos a professora um mural do afeto onde eles pudessem semanalmente dizer algo bom sobre o seu colega, criando uma corrente de afetividade e empatia.
A escola deve ser esse lugar de acolhida e afeto e é importante que todos da escola façam essa corrente de dizer algo bom sobre o educando. O professor reconhece as habilidades do aluno e a enaltece? Ainda que o diretor ou coordenador pedagógico precise corrigir ou aplicar o regimento, isso é feito com afetividade? É possível que a escola cumpra o seu papel social, sem que seja um lugar de corações endurecidos.
ROSSINI. Maria Augusta Enches. Pedagogia Afetiva. Petrópolis RJ, ed. Vozes, 2001
Artigo: Afetividade: Ferramenta para redução da violência escolar. De Sandra ReginaCancelier. Paraná, 2014.