MIRELLA TAVARES COSTALONGA
Formada em Letras (Português/ Literaturas), especialista em Literatura Brasileira e pesquisadora da área da Sociolinguística. Sou professora da Rede Municipal de Educação desde 2009, lecionando na EJA desde 2015. No ano passado, assumi também a regência da Sala de Leitura da Escola Municipal Deodoro e a disciplina Círculo de Leitura para o Ensino Fundamental II. Em minhas aulas, procuro articular os conteúdos de minha disciplina com o cotidiano dos estudantes, além de desenvolver projetos que envolvam a leitura de textos literários a conteúdos de outras disciplinas, visando à formação de leitores críticos e à ampliação de suas visões de mundo.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Professora de Língua Portuguesa
André Gomes da Conceição
o André Gomes da Conceição: Doutorando e mestre em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH - UERJ). Professor licenciado e bacharel em Geografia pela UFRJ. Pesquisador nas áreas de Educação, Gestão Pública e Defesa. Professor do Ministério da Defesa e da Prefeitura do Rio de janeiro. Membro do Grupo de Pesquisas Currículo, Cultura e História (GEPEH/UFMS), na linha Políticas educacionais, currículo e ensino; e do Grupo de Pesquisas em Educação, Estado, Sociedade Civil e Participação Política (GPESP/UCP), na linha Estado, Democracia, Sociedade Civil e Participação Social. Membro da Rede Nacional EMPesquisa vinculada ao Observatório do Ensino Médio (Pesquisa, Juventude, Escola e Trabalho). Professor colaborador na UERJ de Políticas Públicas em Educação e orientador de monografias de conclusão de curso de graduação em Pedagogia. Colaborador em processo de desenvolvimento de projeto de avaliação em larga escala pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção (Cebraspe).
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Professor de Geografia
? Estudar a cultura de rua presente nas crônicas de João do Rio (“A alma encantadora das ruas”) e Luiz Antonio Simas (“O corpo encantado das ruas”);
? Relacionar os textos lidos com aulas-passeio por ruas da Glória e Lapa, considerando que elas expressam saberes e culturas;
? Reconhecer os processos históricos que silenciam determinadas culturas e suas formas de resistência;
? Valorizar, como parte da cultura brasileira, figuras ligadas às religiões de matrizes africanas e indígenas;
? Considerar a força da cultura popular carioca, representada por boêmios, sambistas, capoeiristas, malandros, entre outros;
? Criar gosto e apreço pela literatura, além de autonomia para escolher leituras futuras.
Culturas de resistência nas ruas
O CIEP GET Presidente Tancredo Neves, que atende um perfil discente que varia de 15 a 70 anos, matriculados nos PEJA I e II, é cercado por uma série de construções imponentes que lembram a nossa colonização, como a Igreja do Outeiro e a Beneficência portuguesa, porém, também abriga no seu entorno, histórias que muitas vezes não constam na historiografia oficial, mas são profundamente marcantes na formação do imaginário da cidade e se fazem presentes nas ruas.
As Orientações Curriculares da EJA propõem um eixo temático a cada trimestre ao longo do ano, que perpassa todas as disciplinas, entre eles o Eixo Cultura. Quando as discussões referentes a este eixo foram iniciadas nas aulas, constatamos que muitos estudantes apresentavam desconhecimento ou até alguns preconceitos relacionados a elementos culturais herdados de nossas matrizes indígenas e africanas, assim como sobre a própria história dos bairros da Glória e da Lapa, repletas desses elementos.
Considerando a proposta das Orientações e o imenso potencial histórico-cultural existente no entorno do CIEP, além das situações já mencionadas, decidimos explorar ruas da Glória e Lapa, através de aulas-passeio, tendo como foco as culturas de resistência, representadas por nossas matrizes africanas e indígenas, principalmente.
Essas aulas foram antecedidas pela leitura de dois autores cujas obras retratam as camadas mais populares da população carioca, inseridas em um contexto de pobreza e sobrevivência: João do Rio, em A alma encantadora das ruas (1908) e Luiz Antonio Simas, em O Corpo encantado das ruas (2019).
O tema foi trabalhado em etapas:
1) Apresentação dos autores: exibição de documentários;
2) apresentação dos livros: A alma encantadora das ruas e O corpo encantado das ruas e da intertextualidade presente entre eles;
3) Rodas de leitura: crônicas de João do Rio ;
4) Rolê Glória: Rua da Glória, Benjamin Constant e Rua Santo Amaro;
5) Rodas de leitura: crônicas Simas:
6) Rolê da Lapa: Rua da Lapa, Rua Moraes e Vale, Joaquim Silva e Arcos da Lapa;
7) Rodas de leitura Machado de Assis; 8) Visita ao Quilombo Ferreira Diniz;
8) Escrita de crônicas.
(As duas últimas etapas estão em desenvolvimento).
Na ação, foram utilizados computadores, data show, livros, materiais xerocados e celulares para registros das atividades. As salas de aula, o Auditório, a Sala de Leitura e o Colaboratório da escola foram utilizados. Envolveram-se na atividade alunos, professores, Diretora Adjunta e Professora Orientadora.
Um livro digital de crônicas sobre as aulas-passeio está sendo desenvolvido pelos alunos da escola, com previsão de lançamento para dezembro de 2024.
As rodas de leitura e aulas-passeio suscitaram o aumento do interesse dos estudantes pela leitura, assim como participações cada vez mais marcantes e críticas durante as discussões dos textos.
Os alunos de Umbanda e Candomblé, foram sentindo-se cada vez mais à vontade para falar de suas religiões, pois passaram a valorizá-las também como parte da formação cultural brasileira.
Um maior protagonismo dos estudantes nas atividades propostas também foi observado:
Os alunos do PEJA I, embora não tenham feito a leitura das crônicas, participaram em grande número das aulas-passeio e montaram uma exposição de fotos do bairro da Glória.
Uma aluna do PEJA II, Lídia Maya, entrou em contato com Luiz Antonio Simas e convidou-o para ir à escola para falar com os estudantes. O escritor esteve na escola, contou sua trajetória e pontuou sobre a importância dos saberes dos povos, que circulam fora dos espaços oficiais. Além de esclarecer o conceito de “racismo religioso” e a importância de combatê-lo.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo:
Contexto, 2014.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se complementam. São Paulo: Cortez Editora, 2010.
hooks, bell. Ensinando comunidade: uma pedagogia da esperança. Trad. Kenia Cardoso. São Paulo: Elefante, 2021.
RIO, João do. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Martim Claret, 2007.