A avaliação diagnóstica inicial é um instrumento de interação pedagógica que tem o objetivo de auxiliar o delineamento de pontos de partida nos processos de ensino (GLOSSÁRIO CEALE, p. 39). Partindo deste princípio, logo no início do ano letivo, propus atividades que visassem identificar os estágios de aprendizagem das crianças em relação ao sistema de escrita alfabética.
Os resultados obtidos a partir de avaliação diagnóstica orientaram meu planejamento pedagógico. A esse respeito, a educadora Magda Soares afirma que “cabe à escola, conhecendo o nível de desenvolvimento cognitivo e linguístico já alcançado pela criança e, partindo dele, orientá-la para que avance em direção ao nível que ela já tem possibilidade de alcançar”. (SOARES, 2020).
Considerando que o nome próprio é uma palavra significativa para a criança, tomei-o como referência para direcionar as atividades seguintes. Fazíamos chamadinha utilizando cartões com os nomes das crianças para leitura e visualização e explorávamos cada letra, fazendo-as entender como são formados seus nomes. Comparamos nomes com fonemas parecidos e distintos, observamos o tamanho dos nomes e a quantidade de letras necessárias à formação de cada um deles e utilizamos o alfabeto móvel como recurso para desenvolver a leitura em cada etapa trabalhada.
A cada atividade realizada, os estudantes eram instigados a refletir sobre o sistema de escrita, sobre suas partes e relações entre si e a oralidade, incluindo a reflexão sobre as unidades menores – letras e palavras (CASTEDO, 2011). Além do trabalho com os nomes, propus leituras de outros gêneros textuais que circulam socialmente, ampliando o aprendizado da turma. As crianças eram expostas a oportunidades de reflexão que as permitiam ir avançando no conhecimento sobre leitura e escrita, passando pelas etapas de visualização, identificação e pronúncia do som. Dessa forma, os estudantes iam-se dando conta das relações entre fala e escrita e percebendo as semelhanças na escrita que correspondem às semelhanças sonoras.
Vivemos tempos difíceis na educação durante a pandemia da covid-19. Planejar e replanejar foi mais que necessário durante todo o período. Avançar a partir da identidade dos alunos, avaliando-os e mostrando-me sensível aos pequenos passos de cada um contribuiu para que seus caminhos fossem mais seguros e significativos. O trabalho a partir dos nomes das crianças tornou o início do processo mais leve. Tratava-se de algo que pertencia à identidade de cada um e de descobrir que as letras de seus nomes podiam formar outras palavras, abrindo-lhes um mundo de possibilidades.
E foi dessa forma, avançando e algumas vezes precisando retroceder, que atingimos o nosso objetivo final que é a aquisição do uso da leitura e da escrita nos espaços sociais.
CASTEDO, Mirta; TORRES, Mirta. Um panorama das teorias de alfabetização na América Latina durante as duas últimas décadas (1980-2010). Cadernos Cenpec, v. 1, n. 1, 2011. Disponível em: http://cadernos.cenpec.org.br. Acesso em 17 set. 2022.
FRADE, Isabel Cristina Alves da Silva; VAL, Maria da Graça Costa; BREGUNCI, Maria das Graças de Castro (Org.). Glossário Ceale: termos de alfabetização, leitura e escrita para educadores. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educação, 2014.
SOARES, Magda. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2020.