Ter um animal de estimação, como um cachorro ou um gato, por exemplo, é um grande estímulo ao desenvolvimento da criança, segundo Guilherme Figueira, médico, pós-graduado em psiquiatria pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) . “Assumir a responsabilidade sobre os cuidados do animal, como levar ao veterinário e para passear, estimula a criança a desenvolver a responsabilidade em outros campos. A relação entre o animal e a criança ajuda também no desenvolvimento afetivo. É uma experiência em que há lealdade e cumplicidade”, explica.

Os benefícios não param por aí. “A criança, muitas vezes, trata o animal como um amigo. Essa relação de companheirismo aumenta a autoestima, contribuindo para um melhor desempenho em outras atividades cotidianas, incluindo a interação social”, comenta o especialista, ressaltando que o bicho de estimação tem importante participação no momento de lazer da criança, o que leva à diminuição da carga de estresse e ansiedade.

Uma pesquisa feita pelo Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo (USP) revelou que os benefícios dos pets à saúde das pessoas vão desde a melhora na imunidade até a redução dos níveis de estresse e da incidência de doenças comuns, como dor de cabeça ou resfriado.

O resultado dessa convivência é tão positivo que os animais são vistos, inclusive, como aliados no tratamento do autismo. “Crianças com Transtorno do Espectro Autista, por exemplo, costumam ter como terapia complementar o estímulo afetivo e social intermediado por cães e cavalos adestrados para essa finalidade”, conta o psiquiatra.

O cuidado com o animal

Apesar de todos os benefícios de se ter um bicho de estimação, vale lembrar que muitos cuidados devem ser tomados para garantir a saúde da família e do animal, entre eles: mantê-lo periodicamente vacinado contra doenças, promover a higiene regularmente, fornecer uma alimentação adequada e levá-lo para passear diariamente.

De acordo com a veterinária Bettina Chaves, além da vacinação e da higienização – que também ajuda a prevenir e identificar doenças –, a castração é muito importante, não apenas para o controle populacional dos bichos, mas para o controle de zoonoses (doenças que passam do animal para o ser humano) e doenças venéreas. “No caso das fêmeas, se forem castradas antes do primeiro cio, ainda é possível reduzir em cerca de 90% o risco de câncer de mama”.

A veterinária ressalta também a relevância, no caso dos cachorros, de se levar o animal para passear. “A duração e a frequência do passeio varia de acordo com o tamanho do animal, seu temperamento e ansiedade. Ele tem que gastar energia, assim como crianças, que precisam brincar. O cachorro que está agressivo, destruindo coisas em casa, deve passar mais tempo na rua, precisa ficar cansado”.

No Rio de Janeiro, a Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais (Sepda) visa garantir o respeito às leis de proteção do animal e promove ações para melhorar sua qualidade de vida no município do Rio de Janeiro.

A Sepda oferece serviços como esterilização (castração) gratuita de cães e gatos (por meio do Programa Bicho Rio), cirurgias eletivas, atendimento clínico e adoção de animais (Maratona de Adoção). Semanalmente, é divulgado um calendário de vacinação (gratuita) no Diário Oficial do Rio de Janeiro. A partir de ouvidorias, animais são resgatados e encaminhados para um abrigo, situado na Fazenda Modelo, em Guaratiba. Os chamados são atendidos pelo 1746 e a esterilização deve ser agendada pelos telefones 2976-2416 ou 3108-1007.

O que levar em conta ao decidir ter um animal de estimação?

Você está preparado para adotar um animal? Essa é uma pergunta essencial para se fazer antes de tomar a decisão de levar um pet para casa.

“Claro que paciência e amor são importantes, mas o principal de tudo é ter tempo. É preciso tempo para dar atenção, levar à rua, cuidar do bichinho. Entrar com um animal na sua casa é parar e adaptar-se a ele, e não apenas o contrário”, reforça Bettina Chaves, que incentiva a adoção em vez da compra.

Uma publicação no site da Sepda destaca algumas questões que devem ser consideradas para se ter um animal de estimação. Confira:

Cães e gatos vivem 15 anos, em média. Você tem condições de assumir tal responsabilidade ao longo desse tempo?

Quando o dono do animal precisar se ausentar, deve providenciar os mesmos cuidados de quando está em sua casa: ou hospedá-lo em uma clínica especializada, ou conseguir algum responsável para tomar conta dele, alimentando-o, passeando, etc. Os animais podem sofrer muito ao ficarem sozinhos, por isso, é necessário cuidado ao se afastar deles.

Bichos de estimação precisam da proximidade de seu dono; não é correto deixá-los sozinhos por muitos dias, ou trancá-los em ambientes fechados da casa. Isso se estende a todos que moram na casa, que devem conviver com o animal.

Espaços apertados ou correntes que prendam muito o animal podem fazê-lo sofrer graves distúrbios de comportamento, desconforto, atrofia óssea ou muscular, obesidade e depressão.

Os bichinhos não devem ser responsabilidade de uma criança. Se seu(sua) filho(a) deseja adotar um cão ou gato, cabe aos adultos da família assumir esses novos companheiros.

Caso more em apartamento, verifique com o síndico se é permitida a presença de animais no condomínio.

É importante, principalmente para os cães, ter espaço para brincar e se exercitar. Por isso, leve-os para passear regularmente, sempre utilizando coleira e guia, para evitar que eles fujam ou entrem em conflito com outros animais.

Para que o pet esteja sempre saudável, é imprescindível a visita regular ao veterinário, o carinho, a atenção e uma alimentação saudável.

Lembre-se que seu bichinho também vai envelhecer, e que nessa fase de sua vida os cuidados e atenção devem ser redobrados.

Abandonar ou maltratar animais é crime. Pena: 3 meses a 1 ano de detenção e multa (Lei Federal 9605/98). 

Fontes:
http://www.rio.rj.gov.br/web/sepda/
http://www.ip.usp.br/