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Novos conceitos em Planejamento e Disciplina Positiva são destaques no início do ano escolar
06 Fevereiro 2019 | Por Larissa Altoé
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A Secretaria Municipal de Educação ofereceu ao corpo docente e gestores duas palestras muito importantes para o cotidiano de trabalho: Planejamento Escolar, com Silvina Fernández (à direita), professora da UFRJ, e Disciplina Positiva em Sala de Aula, com Bete Rodrigues (à esquerda), professora da PUC-SP e tradutora de livros sobre o tema. Os encontros aconteceram na Escola de Formação Paulo Freire, nos dias 5 e 6 de fevereiro. O Portal MultiRio entrevistou as especialistas sobre a importância do planejamento no processo ensino-aprendizagem e o uso da Disciplina Positiva em sala de aula.

Silvina Fernández é doutora em Educação pela UFF e professora adjunta na Faculdade de Educação da UFRJ, na qual desenvolve, há cinco anos, uma pesquisa sobre planejamento escolar na Educação Infantil e no Ensino Fundamental em escolas públicas do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias. “Pelo que pude observar nas escolas dos dois municípios, em geral, não há grandes diferenças de planejamento. O Rio possui um planejamento mais estratégico-corporativo, mas que não é incorporado no cotidiano das escolas, a não ser de forma muito fragmentada”.

A pesquisadora observou nas escolas visitadas que há uma confusão entre os projetos didáticos (os temas que serão abordados durante o ano, como valores, meio ambiente, etc) e os político-pedagógicos (o funcionamento da escola como um todo, com suas regras a serviço da Educação). “É fundamental que os gestores das escolas dialoguem com seu corpo docente, as famílias e alunos para saber quais são os problemas a serem enfrentados, objetivando o aprendizado no tempo adequado, que é a função da instituição. A partir daí, os diretores podem estabelecer um conjunto de normas facilitadoras do trabalho em conjunto. Esse movimento propicia um melhor entendimento da situação por todos, assim como gera um comprometimento entre os envolvidos”.

Silvina exemplifica a importância do Planejamento Político-Pedagógico. Em um EDI que ela visitou, próximo a uma área comercial, uma mãe que saía do trabalho antes do horário padrão para pegar seu filho agia de forma diferente se quem estava disponível era a diretora ou sua adjunta. Caso a titular estivesse, ela aguardava, mas se era a outra servidora, pedia para a criança sair mais cedo e era atendida. “O objetivo da Educação Infantil é um serviço para a mãe ou é um direito da criança, um espaço de aprendizado?” Se a equipe escolar entende a questão de forma mais clara, poderá passá-la para a família.

Outro ponto são as regras na escola – o que pode e o que não pode. Uma unidade resolveu o problema da deterioração ou perda dos livros didáticos disponibilizando armários para que os estudantes os guardassem na instituição. A medida solucionou a questão, mas fez com que eles passassem a circular de hora em hora pelos corredores porque muitos esqueciam de pegar o livro antes de ir para a sala, gerando balbúrdia.

Segundo Silvina, o conceito de planejamento mudou muito nas últimas décadas. Não se trata mais de planos rígidos feitos por especialistas para outros aplicarem, mas processos onde os envolvidos combinam formas de trabalho em conjunto e definem prioridades sempre que necessário, já que a realidade não é estática. “O projeto didático deve se articular com o planejamento político-pedagógico, de modo a um potencializar o outro. A escola não deve, por exemplo, marcar a culminância dos trabalhos sobre meio ambiente, ou qualquer outro tema, que duraram meses e envolveram a todos, para a semana de provas. Em vez de uma ação boicotar a outra, elas deveriam se potencializar mutuamente”.

Disciplina Positiva

Bete Rodrigues é graduada em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela PUC-SP e mestre em Linguística Aplicada. Trabalha com educação há 36 anos e se deparou com a Disciplina Positiva quando lecionava para uma turma com 47 alunos na Escola Municipal Miguel Arraes, em Paraisópolis, um bairro paulistano com muitas pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade. A teoria da psicóloga americana Jane Nelsen, baseada na obra de Alfred Adler, psicólogo austríaco, e Rudolf Dreikurs, psiquiatra também austríaco, mudou o modo como a professora lidava com as atitudes desafiadoras dos estudantes da antiga 3ª série do Ensino Fundamental, atualmente, 4º ano. Desde 2008, ela segue encantada por essa mudança de paradigma, que oferece orientações de como lidar com o comportamento humano de forma mais harmônica e saudável, e é uma das duas treinadoras brasileiras formadas pela própria Jane Nelsen.

Em 2018, Bete deu uma concorrida palestra sobre Disciplina Positiva na Escola de Formação Paulo Freire. Naquele encontro, fez uma introdução ao assunto, explicando o que era DP: trabalhar habilidades – respeito, controle, resolução de problemas e responsabilidade, entre outras, necessárias à vida e também o que não era DP: punição, prêmios e recompensas por bom comportamento. Na Semana de Planejamento 2019, ela aprofundou um pouco mais o tema.

“O professor que utiliza a Disciplina Positiva procura ensinar aos alunos o quanto eles são capazes como membros úteis da sociedade, de forma construtiva. Isso é feito com firmeza e gentileza ao mesmo tempo. É preciso olhar no olho da criança ou do adolescente, entender seu ponto de vista e dar opções de escolha sempre que possível. Há ocasiões nas quais podemos usar de maleabilidade – utilizar lápis ou caneta, sentar aqui ou acolá, trabalhar sozinho ou em dupla, por exemplo. Outro ponto importante, o foco dos diálogos é a solução dos conflitos e não saber de quem é a culpa. É preciso, muitas vezes, falar menos – instruções, broncas, sermões - e perguntar mais, para que o aluno fale sobre ele mesmo e tome consciência de si e do entorno.”

Bete lembra que a abordagem socioemocional disponibilizada pela DP ajuda no desenvolvimento das 10 competências básicas preconizadas na Base Nacional Comum Curricular – BNCC – para os alunos. Há um livro que trata especificamente disso: Disciplina positiva em sala de aula, e também um baralho com 52 estratégias para lidar com situações desafiadoras também em sala de aula, ambos da editora Manole.

 
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