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Mesma cidade, ruas diferentes e muitas histórias
22 Outubro 2014 | Por Sandra Machado
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praca 15_belaNem sempre os logradouros do Rio tiveram os nomes que conhecemos hoje. Ingredientes históricos ou políticos levaram a mudanças, mas, muitas vezes, a insistência do povo é que fez a diferença, ao consagrar o batismo alternativo no uso cotidiano. Durante o período colonial (do descobrimento a 1815, quando o Brasil foi elevado a reino unido português), o costume levava a população a conhecer uma rua pelo nome de seu morador mais ilustre. Ou, então, por algum traço distintivo do local, como uma igreja. O órgão responsável por oficializar o batismo das ruas era o Senado da Câmara, substituído pela Ilustríssima Câmara Municipal na fase imperial (de 1822 a 1889).

A primeira rua do Rio, aberta na chegada dos descobridores portugueses, ficava junto à Igreja da Misericórdia, no Centro: a Rua da Misericórdia. Ali funcionou a primeira alfândega, se instalou a cadeia pública e estava situado o Tribunal da Relação, que, séculos mais tarde, sentenciou Tiradentes à morte por enforcamento. Mas, a despeito das tentativas da prefeitura de determinar, de tempos em tempos, alterações nos nomes conhecidos – em geral, a fim de homenagear alguma celebridade da época –, nem sempre a população validou esses decretos. Um bom exemplo é o caso da Rua dos Inválidos, que, por dois anos, se chamou Rua Thomas Coelho, então ministro da Guerra, e depois Rua Dr. Menezes Vieira, médico e dono de uma escola na mesma rua. Na Rua do Ouvidor, se repetiu a história de denominação que não pegou: Moreira César, coronel que comandou a terceira expedição a Canudos, também foi rejeitado pelos moradores.

Memória do Rio presente nas ruas do Centro

Rua das Marrecas: O nome original, Rua das Belas Noites, tinha a ver com o hábito dos cariocas de então, quando as jovens gostavam de sair para um passeio noturno, acompanhadas pelo marido ou outro homem da família. Até que, em 1785, a prefeitura inaugurou uma fonte no local, logo apelidada de Chafariz das Marrecas, porque a água jorrava do bico de cinco marrequinhas de bronze.

Rua da Assembleia: Aberta ainda no século XVI, era conhecida por Caminho de São Francisco. Com a construção do presídio público, em 1711, começou a ser chamada de Rua da Cadeia. Em 1822, a primeira Assembleia Constituinte se instalou no prédio da Cadeia Velha, e logo a população passou a se referir à “rua que vai para a Assembleia”. O nome tornou-se definitivo a partir de 1848.

Rua Sete de Setembro: A Rua do Cano era o caminho aberto para levar, até o mar, as águas estagnadas da Lagoa de Santo Antônio. Só em 1856 foi rebatizada como Sete de Setembro, em comemoração à data de Independência do Brasil.

Primeiro Marco_sepiaRua Primeiro de Março: O prolongamento da Rua da Misericórdia ganhou o nome de Rua Direita, não porque fosse reta, mas porque fazia a ligação entre dois pontos importantes: o Morro do Castelo e o Morro de São Bento. Trezentos anos depois, em 15 de março de 1870, um navio inglês chegou de Montevidéu com a notícia de que a guerra de cinco anos contra o Paraguai tinha terminado no primeiro dia daquele mês. Para comemorar, d. Pedro II e d. Teresa Cristina saíram do Paço Imperial para confraternizar com o povo, e alguém sugeriu a mudança do nome, aceita, no mesmo ano, pela Câmara Municipal.

Rua dos Andradas: O nome de Rua do Fogo foi adotado, no século XVIII, por ter sido aberta na Chácara do Fogo, onde se fabricavam fogos de artifício. A partir de 1866, passou a se chamar Rua dos Andradas, para homenagear José Bonifácio, Antônio Carlos e Martim Francisco, colaboradores no processo de independência do Brasil.

Rua Buenos Aires: A homenagem à capital argentina é de 1915. Mas, antes disso, a rua teve uma série de nomes – Nova, da Portuguesa, do Jogo da Bola de Bento Esteves... –, sendo o mais marcante Rua do Hospício. No caso, o termo era usado no sentido de “asilo de acolhida para pobres e doentes” e se referia a um mosteiro, construído em 1725 por padres capuchinhos italianos, para albergar peregrinos.

Rua Luís de Camões: Era a Rua da Lampadosa, em referência à Capela de Nossa Senhora da Lampadosa, edificada por uma confraria de negros em 1747. Em 1880, a Câmara Municipal determinou a mudança, em homenagem ao escritor português.

Rua Gonçalves Dias: A antiga Rua dos Latoeiros mudou de nome em 1865, poucos meses depois da morte do poeta em um naufrágio ocorrido na costa brasileira, quando retornava da Europa.

Rua do Riachuelo: Durante muito tempo, a via se chamou Estrada de Mata-Cavalos: existiam, ali, muitos atoleiros que dificultavam a passagem dos animais, a ponto de morrerem de fadiga. Só em julho de 1865 mudou de nome, em referência ao combate naval do Riachuelo, nas águas do Rio Paraná, durante a Guerra do Paraguai.

Rua da Carioca: De início, ficou conhecida como Rua do Egito, por causa de um oratório, colocado em uma esquina, de veneração à Sagrada Família, representada em fuga da perseguição de Herodes. Até que lá foi morar um advogado com fama duvidosa, que circulava pelos cartórios do Centro, procurando causas como quem procurasse “piolho na costura”. A expressão da época acabou por designar também o tal advogado, que emprestou o apelido, disseminado até que a via ficasse conhecida como Rua do Piolho. Em 1848, a Câmara Municipal se encarregou de substituir a praga no nome do logradouro, que passou a se chamar Rua da Carioca, já que era o caminho usado pela população para buscar água no Chafariz da Carioca, inaugurado em 1723.

Rua Uruguaiana: A antiga Rua da Vala foi rebatizada por causa da rendição das tropas paraguaias, que tinham invadido a cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, em 1865, na Guerra do Paraguai.

Rua Treze de Maio: Originariamente, se chamava Rua da Guarda Velha. Os carregadores de água do Chafariz da Carioca estavam sempre se desentendendo. Por isso, o governador Gomes Freire de Andrade, também chamado conde de Bobadella, mandou instalar um posto militar para organizar a área, no local onde hoje existe o Edifício Avenida Central. O nome foi mudado em 14 de maio de 1888, no dia seguinte à data de abolição da escravatura no Brasil.

Rio Branco_sepiaRua dos Inválidos: A antiga Rua Nova de São Lourenço foi aberta em 1791, por ordem do vice-rei, o conde de Resende. Três anos mais tarde, com a construção da Casa dos Inválidos, para abrigar soldados reformados ou amputados, surgiu a nova denominação, reconhecida em definitivo apenas pelo Decreto no 1.165, de 31 de outubro de 1917.

Avenida Rio Branco: A origem de uma das principais ruas do centro financeiro da cidade está relacionada com a modernização higienizadora, proposta pelo prefeito Pereira Passos. A ideia era abrir uma reta desde a Praia da Ajuda, onde fica a Cinelândia, até a Prainha, atual Praça Mauá. Batizada de Avenida Central, a via foi inaugurada em 1905. Inspirada no modelo parisiense, a obra demandou a derrubada do Morro do Castelo. A mudança para o nome atual aconteceu em fevereiro de 1912, como homenagem póstuma ao barão do Rio Branco, diplomata que ajudou a redefinir as fronteiras brasileiras.

Rua do Ouvidor: Já no século XVI existiam registros da existência da rua, que teve uma série de nomes, sendo o mais famoso Rua da Cruz. Até que, em 1745, a Câmara Municipal comprou várias casas do lado direito, que antes pertenciam a José de Andrade, a fim de transformá-las em alojamento para ouvidores aposentados. O ouvidor em questão era o segundo morador da área, Francisco Berquó da Silva Pereira. Apenas em 1916, foi oficializado o nome definitivo da via.

Rua da Quitanda: Chamada de Rua do Açougue Velho, somente após 1686, quando se transferiu para lá um comércio, passou a ser conhecida como Rua da Quitanda dos Pretos. A nomenclatura atual é válida desde 1892.

 
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