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Acolhimento é porta de entrada da Educação Infantil
07 Março 2016 | Por Sandra Machado
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Acolhimento na Creche Municipal Vitorino Freire, fevereiro de 2015 (Foto: Arquivo pessoal)

O acolhimento é um período diferenciado do calendário escolar na fase da primeira infância. Em 2016, na Rede Municipal do Rio, ele aconteceu entre os dias 2 e 4 de fevereiro, de acordo com uma cartilha única especialmente concebida por uma parceria entre a Gerência de Educação Infantil e as Gerências de Educação das Coordenadorias. O documento oferece instruções de aplicação no início do ano letivo, período de suma importância para estabelecer as bases de um atendimento de qualidade nos meses consecutivos. Nesse estágio, é preciso que haja uma troca entre a família e os educadores, de forma a garantir que a passagem dos cuidados de bebês e crianças aconteça da forma mais tranquila possível.

A magnitude da tarefa realizada no Rio de Janeiro impressiona. Os dados mais recentes da Secretaria Municipal de Educação informam a existência de 460 unidades de Educação Infantil na cidade, sendo 247 creches públicas e 213 Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs), mais 161 creches conveniadas. Esses espaços recebem uma média anual de 70 mil alunos em creches e pouco mais de 80 mil na pré-escola. Para atender a um contingente tão grande, há quase quatro mil professores e seis mil agentes de Educação Infantil.

Tudo muito bem combinado

painelBebês podem ser recebidos nas creches municipais ou conveniadas a partir de 6 meses de idade. O atendimento da Educação Infantil vai até os 5 anos e 11 meses. No período de acolhimento desse público tão especial, a equipe precisa estar disponível para atender as crianças e seus responsáveis em todos os aspectos. “É considerado responsável pela criança aquele adulto que possui vínculo com ela e que está apto a dar suporte emocional durante o período de acolhimento. Normalmente são os pais e/ou avós, mas a família pode apresentar outra pessoa à instituição”, explica Eliane Serique, da Gerência de Educação Infantil.

O primeiro detalhe que precisa ser muito bem combinado são os horários de chegada e de saída. A permanência da criança começa com poucas horas e vai aumentando ao longo dos dias. No início, uma turma de berçário é dividida em dois grupos – metade recebida na parte da manhã, metade na parte da tarde. Para o Maternal I e II, é considerada não apenas a adaptação de alunos novos na unidade, mas também a eventual mudança de educadores. Por isso, o aumento gradativo do número de horas de permanência também acontece. Só a partir da terceira semana é que se atinge a permanência integral de todas as crianças, das 7h às 17h. Unidades que possuem grupos de Pré-Escola I e II em horário parcial devem adequar as orientações da cartilha às suas demandas específicas.

Rotina toda nova

As refeições e a higiene dos bebês, por exemplo, precisam ser transferidas dos pais para os educadores, que também devem se inteirar sobre os hábitos de sono dos pequenos. “Inicialmente acontece em parceria, para estabelecer confiança, de acordo com a progressão do horário de permanência da criança e, principalmente, com a receptividade dela. Gradualmente, os pais passam a expectadores e a relação se estabelece apenas entre crianças e educadores”, diz Eliane.

Mães que amamentam são incentivadas a manter o aleitamento num local tranquilo, reservado para esse fim. Caso não possam comparecer com a regularidade necessária, o leite colhido e armazenado por elas, de acordo com as orientações do Instituto de Nutrição Annes Dias, é, então, entregue na unidade. Lactaristas também zelam pela correta nutrição dos bebês, preparando as refeições de acordo com as prescrições pediátricas e/ou nutricionais. Sempre que possível, esses profissionais e os cozinheiros devem participar da hora da refeição das crianças, a fim de observar a aceitação dos alimentos, poder apresentar a cozinha aos pais e falar sobre a importância da alimentação saudável, o cardápio e os modos de preparação.

Durante a fase do acolhimento, atividades dinâmicas promovem a integração de todos, como apresentações de teatro de fantoches, música, karaokê e exploração de sons, contação de histórias e jogos. Se alguma criança adoece, a equipe segue as orientações da agenda escolar, e a primeira ação é buscar o mais rapidamente possível o contato com a família.

Participação dos adultos é fundamental

Algumas atividades também são realizadas ao ar livre, na pracinha próxima à creche (Foto: Arquivo pessoal)

Entre as condutas recomendadas aos responsáveis durante sua permanência no espaço de acolhimento estão: ter disponibilidade emocional e de tempo para participar das propostas pedagógicas, respeitando as orientações dadas pela equipe; permitir que a sua criança interaja com as demais, auxiliando na socialização, além de interagir com a sua criança e com as demais; usar roupas adequadas ao espaço e que possibilitem sua movimentação; auxiliar a criança durante as refeições, fornecendo informações particulares sobre ela aos educadores.

Segundo Eliane Serique, os pais apresentam comportamentos diversos durante o processo. “Alguns reagem com resistência, tendo em vista a falta de tempo para estar junto com a criança no espaço. Outros reagem com muito apego, apresentando dificuldade em se distanciar. Alguns, inicialmente, demonstram inibição, o que é bastante natural, enquanto outros reagem com certo distanciamento. Há, ainda, a postura de olhar apenas para a própria criança. Tais reações costumam ser pertinentes, tendo em vista a fragilidade do momento, cabendo à instituição, por meio de uma proposta pedagógica consistente, orientar as famílias para o exercício do olhar do coletivo e para a importância da sua participação nesse processo.”

O estranhamento inicial, contudo, não tarda. “Ao longo do período de acolhimento, todas essas posturas modificam-se positivamente, à medida que a relação entre instituição e família vai se estreitando e o sentimento de segurança e confiabilidade vai sendo construído. Uma boa estratégia é incentivar os responsáveis mais antigos na instituição a ser parceiros dos responsáveis recém-chegados, compartilhando a sua experiência e os resultados positivos que ela proporciona à criança.”

Ao se aproximar da fase de desligamento, quando a criança já está sendo encaminhada para o 1º ano, aconselham-se visitas à nova instituição, para que a família possa conhecer a proposta da escola nova. Caso seja possível, a primeira instituição poderá realizar atividade pedagógica em parceria com a instituição futura. Eliane, que até bem pouco tempo atrás atuava como diretora de creche, ressalta a importância de uma condução suave para o próximo estágio da vida escolar. “O diálogo entre os educadores também é de grande valia para esse momento de passagem. A confraternização na despedida costuma envolver as crianças e as famílias e, por isso, é bastante recomendada.”

Fontes: Acolhimento 2016 e entrevista com Eliane Serique

 
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