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A organização dos ambientes na Educação Infantil
06 Fevereiro 2017 | Por Fernanda Fernandes
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No início do ano letivo, entre as diversas preocupações de professores da Educação Infantil estão a organização e a decoração da sala de aula. Disposição de móveis, personagens, cores, tudo é planejado nos mínimos detalhes. E não se trata de preciosismo.

A discussão sobre espaços e materiais adequados à Educação Infantil vem de longa data. O alemão Friedrich Froebel (1782-1852) – fundador do jardim de infância (kindergarten) – e a italiana Maria Montessori (1870-1952) foram dois importantes educadores que privilegiaram essa organização do espaço de maneira a atender as necessidades de crianças pequenas, distanciando-se dos modelos escolares vigentes na época em que viveram.

Montessori foi quem propôs a diminuição do tamanho do mobiliário usado nas pré-escolas e a experiência de miniaturizar os objetos domésticos cotidianos a serem utilizados para “brincar na casinha de boneca”. Até hoje, ela é referência para professores da Educação Infantil.

A partir da contribuição desses educadores, tornou-se cada vez mais evidente que o espaço não deveria ser visto apenas como pano de fundo, e sim como parte integrante da ação pedagógica. Na sala de aula, a criança estabelece relações entre o mundo e as pessoas. E, hoje, já não restam dúvidas sobre a importância desse ambiente para o desenvolvimento infantil.

“A organização do espaço se constitui em um parceiro pedagógico de excelência. Quanto mais rico e desafiador este espaço for, mais qualificadas serão as aprendizagens das crianças”, afirma Maria da Graça Souza Horn, doutora em Educação e autora do livro Sabores, Cores, Sons, Aromas: a Organização do Espaço na Educação Infantil.

Segundo Maria da Graça, os ambientes devem ser resultantes de uma atenta e documentada observação do educador, considerando as necessidades das crianças e as diferenças entre elas (determinadas por fatores culturais, socioeconômicos etc). “Não existe uma ‘receita’ ou regra única. Entretanto, podemos considerar que para as crianças menores os espaços deverão ser mais amplos, os objetos e materiais maiores e os desafios motores mais instigantes. Na medida em que crescem, elas estabelecem novas e cada vez mais complexas relações, fruto de importantes modificações e conquistas no plano afetivo, motor, mental e social. Assim, os espaços destinados a elas também deverão modificar-se, a fim de proporcionar-lhes condições e situações que venham ao encontro de suas necessidades.”

Cuidados na organização da sala de aula

A utilização de “cantinhos”, ou seja, “espaços semiabertos com zona circunscrita” é bastante comum entre professores da Educação Infantil. Dessa forma, em vez de um único centro na sala de aula, criam-se vários, cada um dinamizado pelas próprias crianças, sem depender o tempo todo do educador (embora ele esteja atento, observando e intervindo quando necessário). No entanto, é preciso atenção também para não limitar a participação e a autonomia das crianças.

“Alguns educadores organizam diferentes espaços ou áreas, e seguem determinando o quê, como e onde deverão ser realizadas as atividades. Mas, dessa maneira, eles não permitem que as crianças interajam de forma autônoma com o que está colocado a sua disposição”, alerta Maria da Graça Horn.

Outra crítica feita pela especialista diz respeito à quantidade de trabalhos elaborados por adultos decorando espaços infantis. “Muitas vezes, o que encontramos é um espaço povoado por obras dos adultos, que revestem as paredes com suas produções, utilizando demasiadamente materiais como o EVA e gravuras estereotipadas. Mas explicitar o que realmente é feito com e pelas crianças deveria ser o princípio norteador desta ‘decoração’”. Sobre os temas usados, ela afirma que os mesmos devem ser resultantes das produções realizadas pelas crianças com ou sem a participação do adulto.

A opinião remete a uma das frases mais conhecidas de Maria Montessori: “A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir”.

Fique ligado, professor!

l1Avalie a possibilidade concreta de organizar sua sala em função do espaço real que possui, cuidando para que o ambiente não fique superdividido. É importante que haja lugar para atividades coletivas e para atividades de movimento amplo.

l2Estabeleça um equilíbrio entre cores pastéis e fortes, explorando também o preto e o branco, pois os contrastes são importantes. E fique atento ao uso sexista do azul e do rosa: a ideia é propiciar o contato com diferentes tonalidades.

l3A sala de aula não deve se apresentar totalmente pronta e estruturada desde o primeiro encontro. O espaço é uma construção temporal que se modifica de acordo com necessidades, usos etc. É importante que ela seja criada ao longo do ano por educadores, crianças e seus responsáveis, que também podem ajudar nessa tarefa.

 

Fontes:

 

HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, Cores, Sons, Aromas: a Organização do Espaço na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

FORNEIRO, Lina Eglesias. A Organização dos Espaços na Educação Infantil. In: ZABALZA, Miguel. Qualidade em Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998.

BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Organização do Espaço e do Tempo na Escola Infantil. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E. (Orgs.). Educação Infantil: pra que Te Quero? Porto Alegre: ArtMed, 2001.

Coleção Proinfantil: unidade 7. Livro de estudo: Módulo III / LOPES, Karina Rizek; MENDES, Roseana Pereira; FARIA, Vitória Líbia Barreto de, organizadoras. Brasília: MEC. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação a Distância, 2006. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me003223.pdf

Um ambiente para a criança ver, mexer, inventar, conviver. Trocando em Miúdos as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP).

 

 
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