ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Facebook
Instagram
Twitter
Ícone do Tik Tok

O que eu vou ser quando crescer?
28 Novembro 2016 | Por Sandra Machado
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp
Nas brincadeiras infantis, crianças simulam o trabalho dos adultos (Fonte: Lego Community)

A escolha profissional não tem fase certa da vida para acontecer. Há pessoas que demoram bastante e só vão realizar um teste vocacional na idade adulta, enquanto outras, desde pequenas, expressam claramente a carreira que desejam seguir. Quer tenhamos consciência disso ou não, é durante a infância que manifestamos os primeiros sinais sobre nossas áreas de interesse, frequentemente associados aos jogos e brincadeiras. À medida que o tempo passa, vamos elaborando o afeto por uma determinada profissão, em um processo no qual pesam diversos fatores, como a atividade dos nossos pais, nosso ambiente socioeconômico e até mesmo o momento histórico. Uma vez que os estudos de formação são uma continuidade natural da escola, especialistas recomendam que as profissões sejam apresentadas já no contexto da Educação Infantil.

Base psicanalítica

Em todo o mundo existem parques temáticos onde as crianças podem vivenciar uma verdadeira imersão (Fonte: Kidzania)

Para a Psicanálise, a escolha profissional pode ser entendida como a manifestação psíquica do sujeito social que se realiza com uma grande carga de conteúdo inconsciente. Por meio da profissão, cada pessoa se expressa no mundo, se integra a uma categoria – o equivalente a um clã – e garante para si um significado atribuído pela sociedade. De acordo com a professora Rose Paim, doutora em Psicanálise e Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a profissão acaba sendo incorporada por nós mesmos como uma espécie de sobrenome, toda vez que nos apresentamos para alguém. A formação prolongada implica um dispêndio de tempo, energia e recursos materiais, o que, de alguma forma, transforma o trabalho no núcleo central da vida.

A História Social aponta para a reconfiguração da compreensão de “ser criança”, a partir da instauração universal da demanda do mercado de trabalho pela qualificação na idade adulta. A partir desse momento, a infância passou a ser entendida como um período de aquisição de conhecimentos, hábitos, qualidades psíquicas e, também, habilidades necessárias à sua inserção produtiva futura na sociedade. Embora não haja um consenso sobre uma faixa etária ideal para introduzir o assunto, é interessante perceber que o jogo infantil recria a vivência diária, reproduzindo, inclusive, as atividades laborais dos adultos. E, sendo assim, a brincadeira permite assimilar o conteúdo dos diversos tipos de trabalho de maneira prazerosa e criativa.

Maturidade vocacional

Hobbies podem revelar vocação precoce (Fonte: Plunket.com)

Referência na academia brasileira, desde a década de 1960 a psicóloga Ruth Scheeffer tratava do assunto em seus livros e artigos. Para ela, a maturidade vocacional reflete o grau de maturidade geral de uma dada pessoa, enquanto seu desenvolvimento “representa um processo contínuo, ordenado, universal, envolvendo interação do repertório comportamental, tarefas vocacionais evolutivas e vários outros fatores, como o autoconceito, aptidões, interesses, valores, personalidade, além de fatores situacionais, tais como situação socioeconômica e atmosfera psicológica da família, situação política do país e valores culturais”. Por isso, mesmo entre os adolescentes o autoconhecimento ainda se apresenta precário, assim como sua aceitação das limitações inerentes a seu estrato social. O que contraria a urgência de uma escolha entre os diferentes caminhos da formação profissionalizante, que é padrão no sistema educacional.

Todavia, componentes afetivos e experienciais são determinantes para a percepção do mundo do trabalho. O tipo de relação com os pais nos primeiros anos de vida e a atmosfera emocional no lar podem influir na escolha de profissões orientadas para lidar com pessoas, para coisas ou ideias.

Fontes:

BOCK, Silvio. A relação pais e filhos e a escolha profissional. Artigo. Disponível em: http://www.nace.com.br. Acesso em: 18/7/16.

MATTOS, Fernanda. O que eu vou ser quando crescer? Dissertação (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2012.

PAIM, Rose Maria de Oliveira. A escolha profissional sob um olhar psicanalítico. Revista Recrearte. Disponível em: http://www.iacat.com. Acesso em: 18/7/16.

PASQUALINI, Juliana; GARBULHO, Norma; SCHUT, Tannie. Orientação profissional com crianças: uma contribuição à Educação Infantil. Revista Brasileira de Orientação Profissional. 5 (1), p. 71-85, 2004.

SCHEEFFER, Ruth. Dois aspectos do comportamento vocacional: escolha e maturidade. Arquivo Brasileiro de Psicologia Aplicada. Rio de Janeiro, 25 (4), p. 5-14, out/dez 1973.

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp