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Educação para a Cidadania Global
12 Setembro 2016 | Por Sandra Machado
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Cidadania global: conceito ainda carece de entendimento (Fonte: www.aidglobal.org)

Uma educação que toma por base o contexto de vida e as necessidades dos alunos para, em seguida, ampliar o escopo até a realidade da sociedade global. Sem o viés marxista – apesar da premissa comum com a obra Pedagogia do Oprimido, escrita por Paulo Freire em 1968 –, a chamada Educação para a Cidadania Global (ECG) tem gerado discussões e iniciativas pelo mundo afora. Ao que tudo indica, a modernidade assim exige, uma vez que a disseminação das tecnologias remotas de comunicação e a influência dos programas internacionais de avaliação de estudantes – como o Pisa, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – vêm gerando um forte direcionamento das políticas públicas educacionais em todo o globo.

Um estudo pioneiro da Faculdade de Educação em Harvard, nos Estados Unidos, bem como uma cartilha lançada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, no ano passado, propõem uma série de medidas para o incremento da ECG. Como, por exemplo, o estudo sistemático de questões relativas ao meio ambiente, à história mundial e à saúde pública; o estímulo à competência nas línguas estrangeiras e a qualidades como liderança e autonomia; e o aprendizado sobre a multiplicidade de crenças religiosas. Com isso, se espera que as futuras gerações atinjam um grau bem mais alto de tolerância diante das diferenças e mais consciência sobre os erros políticos do passado a serem evitados no futuro, para o bem de todos, inclusive do planeta.

Vida coletiva: debate e prática

Um dos pontos principais da ECG diz respeito à dimensão. A discussão de conceitos fundamentais – como justiça, igualdade e direitos humanos – é sempre relacionada a situações próximas reais, estimulando o entendimento do “glocal”, neologismo que representa a fusão entre o global e o local e, consequentemente, entre o nível individual e o coletivo. De todo modo, a Unesco não está partindo do zero. As abordagens pelas quais a cultura da cidadania global vai sendo construída passam por uma série de mecanismos já identificados.

O primeiro, e mais importante, diz respeito à aprendizagem baseada na cooperação e no diálogo: todos se beneficiam com os esforços conjuntos e se empenham em trabalhar juntos. Os ganhos imediatos se evidenciam através de mais interação, melhoria das competências de comunicação e fortalecimento da autoestima entre os participantes da comunidade escolar. Além da forma, importa, também, o conteúdo, por meio da proposição de temas que reflitam a complexidade das situações cotidianas, para as quais não existem respostas simples e tampouco absolutas. A ECG pode ser oferecida como parte de uma disciplina preexistente, como a Geografia, mas a recomendação é para que seja estabelecida como uma matéria independente.

Múltiplos níveis de identidade e mudança

Estratégia de resistência ao status quo, a ECG oferece a oportunidade de uma mudança positiva e construtiva diante do cenário atual, pleno de incertezas e de instabilidades, que vão do âmbito social, econômico e político até o ecológico. A utilização pedagógica dos meios de comunicação social – a mídia-educação ou educomunicação – e, sempre que possível, a abordagem multidisciplinar enriquecem a compreensão da interdependência de tudo que existe e estimulam a transformação de uma cultura do individualismo em uma cultura de parceria.

Cartilha da Unesco (Fonte: inquietacoespedagogicas.blogspot)

Criar ligações, presenciais ou a distância, com pessoas de outros lugares ou acolher visitantes na escola; permitir o contato da comunidade escolar com instituições de abrigo a pessoas economicamente carentes e estimular o voluntariado: há inúmeras possibilidades de ampliação dos horizontes nas diversas dimensões do ser humano – física, intelectual, emocional e espiritual. Ao mesmo tempo que cresce, para a criança, a clareza sobre as vantagens de deixar de se ver como “eu” e passar a se ver como “nós”, ela se situa em relação ao seu sentido de pertencimento – na rua, no bairro, na cidade, no país e no mundo.

Perigo na contramão

Estudiosos da globalização educacional, como o pesquisador Antoni Verger, da Universidade Autônoma de Barcelona, alertam para o oportunismo de certas organizações internacionais que oferecem políticas educacionais verticalizadas, com interesse prioritário na aprovação em testes internacionais padronizados, quando a ECG propõe um movimento de autoconstrução no sentido oposto, partindo do micro para chegar ao macro.

Dentro da perspectiva filosófica de preparar para a vida, a aquisição de competências globais representa um ganho real se incorporada ao desenvolvimento da pessoa, já que a capacita para se adaptar a diferentes normas culturais e se beneficiar das trocas que essa nova condição permite.

Fontes:

ESCOLA MUNDO. Educação global e metodologias participativas para educadores. Acesso em 11/8/2016.

HOLANDA, Juliana. A lógica global. Revista Educação. Acesso em 11/8/2016.

REIMERS, Fernando M. Turning students into global citizens. Education Week. 29/7/2016. Acesso em 2/8/2016.

SILVA, Ozires. A competência global. Blog Educação Transforma. Acesso em 11/8/2016.

SIMÕES, Eduardo. Você possui competência global? Blog Liderança. Acesso em 11/8/2016.

UNESCO – Representação no Brasil. Educação para a cidadania global. Brasília, 2015.

 
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