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Colheita do café. Os fazendeiros do Oeste Paulista utilizavam a mão de obra do imigrante, mas como ela não supria todas as necessidades da produção, não abriram mão do trabalho escravo até a Abolição da Escravatura. Foto de Guilherme Gaensly, 1903. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

Politicamente, a situação configurava-se com os fazendeiros do Oeste Paulista fazendo escolhas diversas das que haviam feito os fazendeiros do Vale do Paraíba. A área cafeeira do Vale, que precedeu a do Oeste Paulista, assentava-se no sistema escravista.

Quando ocorreu a extinção do tráfico, aqueles fazendeiros, que davam sustentação ao Estado imperial, foram dele se afastando gradualmente. Essa separação se completaria com a Abolição, em 1888. Quanto aos fazendeiros do Novo Oeste Paulista, após as opções políticas e econômicas que fizeram, especialmente aprovando a Lei dos Sexagenários, caminharam pelo apoio ao movimento republicano e ao abandono do trabalho escravo.

Esse grupo de proprietários, em razão dos aspectos físicos e sociais que o cercavam, era federalista, pois entendia que a centralização política imperial entrava em choque com os seus interesses. O federalismo permitia a descentralização político-administrativa, pela qual cada província daria rumo às suas questões. Os paulistas eram mais federalistas que republicanos, mas, de qualquer forma, preferiam ser federalistas na República.

Por outro lado, perceberam que, como a alternativa do escravo desaparecia, era preciso dar uma solução para o problema. A utilização do imigrante respondia à questão, apesar de até o início de 1880 não ter sido suficiente, em números, a entrada de trabalhadores de que a produção cafeeira necessitava. Isso explicava por que a mão de obra escrava, até a Abolição, permaneceu sendo utilizada nas fazendas do Novo Oeste Paulista. Em 1887, segundo dados citados pelo historiador Boris Fausto, São Paulo contava com 107.329 escravos, apenas superado pelo Rio de Janeiro (162.421) e Minas Gerais (191.952).

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A cultura cafeeira gerou grandes riquezas familiares e movimentou a economia. Casarão do conselheiro Antônio Prado, cafeicultor e político paulista. Foto de Guilherme Gaensly, 1903. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

As transformações naquela região paulista aconteceram aos poucos. A acumulação de excedentes, oriundos da produção cafeeira, com o tempo entrelaçara-se a outras atividades, como, por exemplo, comércio, bancos e ferrovias. Essa diversificação da economia acarretou a formação de núcleos urbanos no interior, entre os quais Jaú (1858), Ribeirão Preto (1870), Barretos (1874), São José do Rio Preto (1879) e Bauru (1880). Essas cidades tornaram-se centros de produção industrial e de consumo consolidados a partir de 1880, ano que marca o início da "grande imigração".