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A partir da publicação desta obra de Gonçalves de Magalhães, patrocinada pelo imperador D. Pedro II, o índio – em sua imagem romântica e idealizada – se tornou um símbolo nacional. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

A partir do apoio de D. Pedro II aos intelectuais e artistas, o romantismo brasileiro se transformou em projeto oficial, expressando sua ligação com a política. Para valorizar as origens da nacionalidade escolheu-se o índio, visto como parte integrante e como fundador da nação brasileira. Em 1856, quando Gonçalves de Magalhães publicou o poema épico A Confederação dos Tamoios, obra financiada pelo imperador, o índio passou a ser considerado o símbolo nacional. Idealizado, corajoso, puro e honrado, transformou-se na própria encarnação da jovem e independente nação brasileira, conduzida agora por D. Pedro II.

Enquanto que, na Europa, os escritores românticos valorizavam os temas heroicos da Idade Média, no Brasil o nacionalismo exaltava o indígena, o "bom selvagem", transformado em herói nas páginas dos romances e nas poesias de nossos escritores. As paisagens da nossa terra, os índios, a vida no campo e na cidade passaram a ser os temas da nossa literatura, teatro, pintura e música.

Gonçalves Dias, considerado o principal poeta romântico brasileiro, exaltava a natureza e o sentimento de honra e valentia do índio. Graças a seus poemas I-Juca Pirama, Os Timbiras, Canção do Tamoio, entre muitos outros, o indígena transformou-se em símbolo do nacionalismo romântico brasileiro.

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Olhar romântico da lendária índia citada em poemas desde 1871: Moema, que, por amor a Caramuru, se lançou ao mar em sua partida, encontrando apenas a morte. Óleo sobre tela de Victor Meirelles, 1866. Domínio público, Museu de Arte de São Paulo

Na prosa, José de Alencar aparece como um dos mais importantes escritores desse período. Em sua obra, nota-se a preocupação em expressar uma realidade tipicamente brasileira, através de um modo de escrever que procura refletir o espírito do nosso povo, seu vocabulário e sua maneira de falar. Seus romances Iracema e O Guarani mostram a figura do índio idealizado ao extremo. Em O Sertanejo e em O Gaúcho, relata a vida e hábitos das populações que viviam longe das cidades. Já em seus romances sociais ou urbanos, José de Alencar traçou uma crítica das relações humanas na sociedade do Rio de Janeiro da época, além de destacar, nos perfis femininos, a força da mulher.

No Rio de Janeiro e em outras cidades o romance folhetinesco conquistou o público. Na Europa, foi o folhetim que levou o romance a um número cada vez maior de leitores. Publicado nos jornais diários, prendia a atenção sobretudo das leitoras, que esperavam a continuação da trama no dia seguinte. Brasileiros e brasileiras passaram a ler traduções de folhetins europeus, principalmente franceses, torcendo e sofrendo por seus heróis e heroínas. Ante o grande interesse que o folhetim despertava, muitos escritores brasileiros começaram também a publicar na imprensa seus romances em folhetins, que só mais tarde eram lançados na forma de livros.

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O poeta Gonçalves Dias e o escritor José de Alencar, dois ícones do movimento romântico brasileiro. Wikimedia Commons

No Brasil, o folhetim e os romances obtiveram grande sucesso entre as mulheres. Os romances urbanos de José de Alencar, destacando as personagens femininas, e os de Joaquim Manuel de Macedo, revelando os costumes e a vida social na cidade do Rio de Janeiro, logo se tornaram os favoritos das brasileiras.

O Filho do Pescador, de Teixeira e Sousa, e A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, marcaram o início do romance romântico no Brasil.