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O Golpe da Maioridade

Desde 1835, a idéia de antecipar a maioridade já havia surgido no cenário político da Corte. Proprietários de escravos e de terras estavam assustados com a experiência de descentralização ocorrida durante o Período Regencial, que resultara em tantas revoltas sociais. O restabelecimento da autoridade monárquica era visto como a solução para a crise política.

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Apesar das medidas centralizadoras postas em prática com a Lei Interpretativa do Ato Adicional que anulava a autonomia das províncias, a intranqüilidade no Império não terminara. A Farroupilha e a Balaiada continuavam, alimentando um clima de constante agitação e insatisfação, e mostrando que a reação não podia ser considerada vitoriosa. Os grandes proprietários rurais exigiam maior estabilidade política.

Para os progressistas ou liberais, bem como para os regressistas ou conservadores, era necessário impor a ordem. No entanto, não bastava acabar com a anarquia. Era preciso fortalecer a autoridade do poder central e pôr um fim aos movimentos que levavam o povo às ruas. Como dizia Bernardo Pereira de Vasconcelos, uma das principais figuras do Partido Regressista: "É preciso parar o carro da revolução". A maioridade interessava a liberais e a conservadores, empenhados em impedir que outras camadas da população participassem da organização do Estado brasileiro, tarefa que deveria caber às elites políticas.

Assim, como solução para a crise política, ganhava força o projeto de antecipação da maioridade, visto com ares de salvação nacional. Era preciso restaurar a figura do Imperador, colocando no trono o menino Pedro de Alcântara. A Constituição outorgada de 1824 estabelecera a maioridade do Imperador aos 21 anos, e o Ato Adicional fixara-a em 18. Agora, desejava-se passá-la dos 18 para os 14 anos. Por isso, a antecipação da maioridade do Príncipe regente, inaugurando prematuramente o Governo pessoal de Pedro II, ficou conhecida como o Golpe da Maioridade.

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Os liberais ou progressistas, fora do poder desde a renúncia do Regente Feijó, apoiaram a idéia, esperando voltar ao governo. Os conservadores ou regressistas viam a proposta de antecipação como forma de consolidar a Monarquia e de preservar a unidade do Império. No Governo, desde a eleição de Pedro de Araújo Lima para o cargo de Regente Uno do Império, os conservadores pareciam não estar seguros da continuidade do regime regencial, que se mostrara incapaz no combate às várias revoltas e na manutenção da ordem política.

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