A Criação do Colégio de Pedro II |
Durante o Império, o ensino secundário esteve quase sempre nas mãos de particulares. Como não havia grande procura, o número de escolas era suficiente para atender a demanda que havia na época.
Em 1837 o Ministro do Império Bernardo Pereira de Vasconcelos apresentou ao Regente Pedro de Araújo Lima uma proposta para a organização do primeiro colégio secundário oficial do Brasil. Pereira de Vasconcelos acreditava que a instrução pública seria melhor do que a particular, que se mostrava inadequada, por ser oferecida em salas precárias e por professores mal preparados.
O Colégio de Pedro II, cuja primeira sede se situa na atual Avenida Marechal Floriano, no centro do Rio de Janeiro, originou-se do Seminário dos Órfãos de São Pedro, criado em 1739, por Frei de Guadalupe, "para criação de meninos nas costas da igreja de São Pedro". Recebeu diversos nomes: Seminário de São Joaquim, e Imperial de São Joaquim até receber a denominação de Colégio de Pedro II. Transformou-se em Instituto de Ensino Secundário pelo decreto de 2 de dezembro de 1837 que dizia:
Art. 1. - O Seminário de São Joaquim é convertido em colégio de instrução secundária. Art. 2 - Este colégio é denominado Colégio de Pedro II. Art. 3 - Neste colégio serão ensinadas as línguas latina, grega, francesa, inglesa, retórica e os princípios elementares de geografia, história, filosofia, zoologia, mineralogia, álgebra, geometria e astronomia."...
A inauguração e o começo das aulas ocorreu no dia 25 de março de 1838. Estavam presentes o jovem imperador e suas irmãs, o regente Pedro de Araújo Lima, assim como todos os Ministros de Estado. Estas presenças ilustres demonstravam a importância política que o colégio teria, desempenhando outros papéis além da instrução.
O colégio de Pedro II recebeu atenções especiais na sua organização e orientação. Buscava-se o apoio daqueles que compunham a "boa sociedade", que dependia de bons governantes, de bons administradores e de bons agentes civilizadores como, por exemplo, o médico, o romancista, e o professor de História. Afinal era uma Instituição aristocrática destinada a oferecer "a cultura básica necessária às elites dirigentes", a "boa sociedade" formada por aqueles que eram brancos, livres e proprietários de escravos e terras. Torna-se necessário lembrar que, quando a população brasileira girava em torno de 8.800.000 habitantes, apenas 1,2% era de alunos matriculados nas escolas do Império.
O Pedro II tornou-se um símbolo de civilidade. Mantido pelo Imperador, era o padrão de ensino secundário e a única Instituição a realizar os exames que possibilitavam o ingresso nos cursos superiores. O aluno que completasse o curso recebia o título de Bacharel em Ciências e Letras e tinha acesso direto às Academias. D. Pedro, que costumava referir-se a ele como "seu colégio", escolhia os professores, assistia às provas e conferia as médias.
Em 1874 o prédio do colégio passou por uma grande reforma. Bethencout da Silva, discípulo do arquiteto Grandjean de Montigny, alterou o antigo seminário. O salão nobre, o famoso Salão D. Pedro, foi inaugurado em 1875. A partir desta data tornou-se o local onde os bacharéis em letras, os doutores em medicina e as turmas de graduados do colégio recebiam seus diplomas.
O último ato público do Governo de Pedro II, em 14 de novembro de 1889, ocorreu dentro do colégio com o Imperador presidindo um concurso para professores de Inglês. Nos primeiros tempos republicanos o colégio passou a se chamar Ginásio Nacional, mas retomou o nome de Pedro II mantendo-o até os nossos dias.
Foram alunos do colégio grandes nomes da vida política e literária do Brasil, entre eles Gonçalves Dias, Capistrano de Abreu, Coelho Neto, Euclides da Cunha e os futuros Presidentes da República, Rodrigues Alves, Hermes da Fonseca e Washington Luís.
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