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Conjuração do Rio de Janeiro

Em 1786, um grupo de intelectuais fundou, no Rio de Janeiro, a Sociedade Literária, onde poetas e escritores debatiam sobre assuntos culturais e científicos. Autorizados pelo vice-rei D. Luís de Vasconcelos e Sousa, o cirurgião Ildefonso José da Costa Abreu, o professor e poeta Manuel Inácio da Silva Alvarenga, o professor de grego João Marques Pinto e outros reuniam-se, todas as quintas-feiras, das oito às dez da noite, para discutir, entre outros temas, a observação do eclipse total da lua em 1787, a análise da água, o método de extrair a tinta do urucum e até os danos causados pelo alcoolismo. No entanto, os debates foram, aos poucos, incorporando os princípios filosóficos e políticos da Revolução Francesa.

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Em 1794, o novo vice-rei Conde de Rezende recebeu uma denúncia de que membros da Sociedade conspiravam contra as autoridades portuguesas e que mostravam simpatia pelas idéias republicanas. Ante tais denúncias a Sociedade Literária foi fechada. Em seguida, sob o pretexto de que seus sócios continuavam a reunir-se clandestinamente, o Conde de Rezende acusou-os de "subversão", mandando prendê-los. Foram recolhidas à fortaleza da Conceição pessoas importantes na capital, como o poeta e professor Silva Alvarenga e um dos mais novos membros da Sociedade, o doutor Mariano José Pereira da Fonseca, recém-chegado de Coimbra, acusado de possuir em sua casa uma obra do filósofo francês Rousseau.

Imagem 2A devassa instaurada quase nada apurou. Casas foram revistadas, livros e papéis apreendidos. Após um ano as autoridades não tinham provas concretas de que os réus pretendessem iniciar uma conspiração. Eram apenas culpados de defender, "em conversações particulares ou públicas idéias detestáveis e perigosas", de que os Governos das Repúblicas eram melhores do que as Monarquias e que os reis eram os tiranos opressores do povo. Dois anos depois, sem que se conseguisse nenhuma prova, os implicados foram considerados inocentes e libertados. Silva Alvarenga voltou a ensinar e o doutor Mariano, futuro marquês de Maricá, aderiu ao movimento da Independência, exercendo posteriormente os cargos de senador e ministro.

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